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"Gostei logo dos emigrantes portugueses, os filhos dos Grandes Descobridores"
2016-06-08
Entrevista a Gerald Bloncourt, fotógrafo, pintor, escritor e poetaConheceu e fotografou muitos portugueses.

Como aconteceu isso?Tudo começou quando tinha 6 ou 7 anos, no Haiti, e li sobre os Grandes Descobridores - Vasco da Gama, Magalhães, Henrique, o Navegador. Fiquei entusiasmado. Vi no mapa onde ficavam Lisboa e o Porto, e disse: hei de ir a este país. Os Grandes Descobridores tinham-me apaixonado e queria também eu descobrir o mundo. Isso ficou num lugar qualquer da minha cabeça. Aos 20 anos vim para França, condenado à morte e expulso do meu país, na sequência da contrarrevolução, em 1946.Esteve envolvido na revolução do Haiti?Sim, tínhamos deitado abaixo o governo, pegámos em armas. Antes de Fidel Castro, conseguimos deitar abaixo um ditador. Mas a França e os Estados Unidos intervieram, apoiaram a junta militar e tomaram o poder. Começou a repressão. Fui para a Martinica durante dois meses e meio. Tenho origens em Guadalupe, tinha um tio que era deputado em França. Aimé Césaire também era deputado, estava na Martinica. Os dois conseguiram que eu fosse autorizado para vir para França, sem papéis. Quando cheguei, só tinha nas mãos o desenho e a pintura - era pintor e gravador.Ainda não fazia fotografia?Nada. Preparei o curso para professor de Desenho na École de la Ville de Paris, em Montparnasse, na Grande Chaumière, e vivia em casa de uma tia, onde tinha estado o meu irmão mais velho, Tony Bloncourt. Ele tinha vindo em 1938 com uma bolsa, entrou na Resistência e foi fuzilado em 1942 no Mont Valérien, aos 21 anos. Um grande herói. Tenho uma carta extraordinária que ele escreveu poucas horas antes de ser fuzilado. A carta foi publicada em livro, em todo o lado. É extraordinário quando a lemos. Há uma placa com o nome dele na Assembleia Nacional, todos os anos há uma homenagem com flores, a guarda republicana, espingardas.Como foram esses primeiros tempos em França?Estudava para preparar o professorado e à noite descarregava caixotes de legumes nos Halles para ganhar a vida, e fazia desenhos para uma galeria que mos comprava. E por acaso arranjei trabalho numa casa de fotografia, com a grande câmara num tripé, um pano por cima, "sorria". Sucedi a [Félix] Nadar, simplesmente... Comecei por aprender a técnica fazendo fotografias nos grandes colégios por toda a França. Mas não me interessava andar pela província a ver professores e alunos. O patrão mandou-me à Catedral de Chartres para reproduzir os vitrais, lá fui aprendendo. Sou um dos raros sobreviventes de todos os caminhos da fotografia, das câmaras grandes às máquinas de placa, depois a Leica, a Rolleiflex e o digital.

 
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