a notícia: os valores da emigração portuguesa dão sinais de terem estabilizado. A má notícia é que a estabilização se registou em valores muito elevados, superiores a 100 mil pessoas por ano. "Só encontramos valores destes (e ainda mais altos) no final dos anos 60, início dos anos 70", contextualiza Rui Pena Pires, coordenador científico do Observatório da Emigração, do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia do Instituto Universitário de Lisboa.
É preciso perceber o fenómeno. Nos anos 60 e 70 do século XX, a emigração tinha origem na "pobreza e falta de expectativa que a situação se alterasse, na fuga à guerra e em razões políticas", explicou Pena Pires à VISÃO. E que razões levam os portugueses a deixar o País, nos dias que correm? Nos últimos cinco ou seis anos, a emigração deve-se "à crise e às políticas encontradas para solucionar a crise, à estagnação na criação de emprego e de salários, ao emprego precário e mal remunerado". E depois, adverte, "há uma componente que existe e se manterá independentemente da crise, que é a livre circulação não Espaço Europeu."
O cenário, por si só, não é otimista, mas agrava-se ao verificar-se "não haver fluxos de compensação. Os que entram em Portugal não substituem os que saem". Dito por outras palavras: o facto de haver "mais emigração, como consequência da crise, não está a ser compensado por Portugal se inserir num espaço [europeu] mais aberto, que permite saídas, mas também entradas. Isso não está a acontecer, o que terá custos demográficos, sociais e económicos" relevantes.
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