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Emigrantes na Venezuela admitem regresso definitivo como "válvula de escape"
2009-06-09
Insegurança e tensão política são motivos para regressar

A insegurança pessoal, associada à permanente tensão política e à incerteza quanto ao futuro da Venezuela, fazem com que um significativo número de emigrantes portugueses encarem o regresso definitivo ou temporário como "uma válvula de escape".

"Regressar ainda não está nos planos, mas o futuro da Venezuela está muito incerto, temos isso como uma válvula de escape", explica Agostinho David Mendes à Agência Lusa.

Apesar da insegurança, diz: "Enquanto pudermos, temos que lutar por este país que nos deu muito".

Natural de São Vicente, Madeira, radicado na Venezuela há 24 anos onde é um dos proprietários de um restaurante em Caracas, Agostinho Mendes explica que as razões para um regresso são "a questão política, a insegurança pessoal e económica, mas também o projecto que encabeça o Presidente (Hugo Chávez)" que está a levar o país para "um comunismo".

"Ele (Hugo Chávez) nunca mentiu, sempre falou do mar da felicidade, e sabemos que o mar da felicidade é Cuba, e Cuba sabemos o que é. A única esperança que temos é que haja uma interrupção do projecto dele. Nós, que já lutámos contra uma ditadura, não podemos apoiar que na Venezuela se instale uma", diz.

Entre as suas preocupações está a nova "propriedade social" que, acredita, no futuro afectará os seus bens. Também o "sair de casa sem saber se vai regressar", se vai ser sequestrado e ter de "dispensar" o resultado do suor de longos anos de trabalho para ter a vida de volta.

Mas se alguns portugueses falam abertamente contra o regime, outros há que consideram a política um tabu e aceitam conversar apenas com a expressa condição de anonimato.

Nas conversas, vincam que partiram com o sonho de um dia regressar.

O "calor humano" dos venezuelanos e as potencialidades fizeram com que o tempo dissipasse esse "sonho", que, no entanto, tem reaparecido nos últimos anos.

No entanto, muitos portugueses, quando ponderam o regresso, pensam imediatamente na crise financeira mundial, no desemprego em Portugal e encaram o território português apenas um sítio para "fazer uma pausa temporária antes de optar por outros destinos".

A Agência Lusa falou com duas famílias de emigrantes que venderam quase todas as suas propriedades e regressaram a Portugal, mas que acabaram por voltar a Caracas.

"Durante oito meses estivemos em Portugal mas o ritmo de vida era diferente e não se via os resultados nos negócios, por isso tivemos de regressar", diz Manuel Freitas, um emigrante que voltou há três semanas.

Apenas um empresário português, António Martins, disse à Agência Lusa que acredita no futuro.

"Afastando o discurso e o jogo político, a vida continua. É preciso saber discernir entre a realidade e a política. Há 10 anos que Hugo Chávez está no poder e continuamos a ganhar dinheiro. Nem tudo pode ver-se negativamente, ele tem ajudado muito os pobres", diz.

No entanto, também tem uma preocupação: a "insegurança".

DNOTICIAS.pt, aqui, acedido em 15 de Junho de 2009.

 

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