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Portugal: desvalorização do euro favorece remessas de emigrantes
2015-02-13
A causa para a desvalorização do euro pode estar no envio significativo de remessas para Portugal por parte de emigrantes

A desvalorização da moeda europeia nos últimos meses pode significar um aumento do envio de remessas para Portugal dos emigrantes que vivem em certos países como os Estados Unidos, entretanto, pode não ocorrer o mesmo em outros, como a Austrália.

«Como a cotação do dólar está a aproximar-se do euro, lógico que é um incentivo para as pessoas mandarem mais dinheiro e até investirem em Portugal», disse João Luís Pacheco, conselheiro das Comunidades Portuguesas nos Estados, nos Estados Unidos.


O euro atingiu, em meados de janeiro, um novo mínimo em 11 anos, penalizado pela decisão do Banco Nacional Suíço de quebrar o vínculo do franco suíço à moeda europeia. 

Posteriormente, ainda no mês passado, o Banco Central Europeu anunciou um programa de compra de ativos, uma ação inédita destinada a contrariar o risco de deflação na zona euro. 

O programa, que prevê a compra de dívida pública e privada no valor mensal de 60 mil milhões de euros, estará em vigor pelo menos até ao fim de setembro de 2016, totalizando assim 1,14 biliões de euros. 

Este montante poderá, no entanto, ser ultrapassado uma vez que o Banco Central Europeu admite manter o programa ativo para lá desta data «até haver um ajustamento perene da trajetória da inflação em linha com o nosso objetivo de atingir uma taxa de inflação próxima, mas inferior a 2%». 
 

«A cotação chegou a ser de 1 euro para 1,58 dólares. Há uma previsão de que, num ano, o dólar tenha uma cotação igual ao euro. Como os bancos nos Estados Unidos estão a pagar juros muito baixos, abaixo de um por cento, será um incentivo para pessoas mandarem mais dinheiro e investirem em Portugal», sublinhou João Luís Pacheco.


As remessas dos emigrantes portugueses nos Estados Unidos para Portugal em 2013, de acordo com o Banco de Portugal, foram de 140,32 milhões de euros e, em 2012, foram de 135,55 milhões de euros. Os dados totais de 2014 ainda não foram publicados pela entidade bancaria portuguesa. 

Para Pacheco, poderá haver «maior investimento em Portugal, não só da comunidade portuguesa, mas também dos próprios norte-americanos». 
 

«Mesmo para o turismo, com esta aproximação entre o euro e o dólar as pessoas poderão viajar mais para Portugal», sublinhou.


O presidente da Portuguese-American Leadership Council of the United States (Conselho de Liderança Luso-Americana dos Estados Unidos), Fernando Rosa, acredita que «o aumento das remessas dos Estados Unidos para Portugal pode realmente acontecer». 

Em relação aos investimentos em Portugal, tanto de emigrantes como de norte-americanos, existem «muitas dificuldades», sobretudo devido à «burocracia portuguesa», sendo necessário facilitar mais a entrada das empresas estrangeiras no país, diz Fernando Rosa. 
Já na Austrália, de acordo com a portuguesa Cátia Nunes, a situação é diferente. A atual cotação é de 1 euro = 1,46 dólares australianos. 
 

«Falei com algumas pessoas que me disseram que como o dólar australiano não está propriamente em alta e não estão a enviar mais dinheiro para Portugal. Até setembro do ano passado, o dólar australiano esteve mais valorizado e compensava mais», disse a portuguesa.


As remessas dos emigrantes na Austrália em 2013 foram de 3,22 milhões de euros e, em 2012, foram de 4,17 milhões de euros, segundo dados do Banco de Portugal. 

Sobre as gerações de portugueses mais antigas, que referiu ter um contacto mais esporádico, disse saber que muitos nem sequer voltaram a visitar Portugal. 

A portuguesa afirmou que «as viagens entre a Austrália e Portugal são caríssimas». 
 

«Eu mesma não tenho o hábito de enviar dinheiro para Portugal», acrescentou Cátia Nunes, acrescentando que a Austrália é um país caro para se viver.

 

«As pessoas que conheço estão há pouco tempo no país e necessitam de um investimento bem alto para se instalem aqui, daí ser difícil enviar dinheiro para Portugal», referiu a portuguesa, que já trabalhou como jornalista e agora faz assessoria de comunicação para uma câmara australiana.


Os emigrantes em Angola enviaram, em 2013, 304,33 milhões de euros para Portugal, o Brasil apresentou um número de remessas de 16,52 milhões de euros e, do Reino Unido (fora da zona euro), o país recebeu de remessas dos emigrantes 156,23 milhões de euros. 

A grande parte das remessas vem da União Europeia, que somou um total de cerca de 1,7 mil milhões euros, em 2013.    

 

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