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Segundo o Coordenador Científico do Observatório da Emigração
2009-06-11
Ideia de que a emigração acabou é "ilusão de óptica"

A emigração portuguesa está actualmente ao nível dos anos 1960, mantendo-se a tendência de fixação nos países de destino, defende o Coordenador do Observatório da Emigração, que considera ilusória a ideia de que as saídas estagnaram. "Há características novas nesta emigração, mas no essencial diria que se mantém uma emigração de fixação no destino que não deve ser, neste momento,inferior à média dos anos 50/60", disse Rui Pena Pires.

Numa entrevista à Agência Lusa, a propósito do Dia de Portugal,de Camões e das Comunidades Portuguesas, que se assinala a 10 de Junho, o Coordenador científico do Observatório da Emigração rejeita a ideia de uma vaga repentina de emigração, considerando que se tem mantido constante desde a adesão de Portugal à União Europeia."Não é um fenómeno novo. Houve uma ilusão de óptica. Com a transformação de Portugal também em país de imigração, houve uma concentração do olhar sobre a imigração, mas todos os dados disponíveis mostram que a emigração praticamente só esteve parada em 1974/75 e nos anos da integração europeia".

No âmbito do Observatório da Emigração, criado no início do ano pelo Gabinete do Secretário de Estado das Comunidades, uma equipa de investigadores do Instituto Superior de Ciência do Trabalho e da Empresa (ISCTE) está a recolher informaçãos obre os Portugueses emigrados. Os primeiros dados recolhidos, relativos ao período 2000-2005 deverão ser disponibilizados on-line ainda este mês. Segundo Rui Pena Pires, os dados agora obtidos vêm confirmar o Reino Unido e a Espanha como novos destinos de emigração na Europa e permitem "ter uma ideia do crescimento recente da emigração para Angola". "Toda a emigração para o Espaço Económico Europeu cresceu, nomeadamente em países como o Reino Unido ou a Suíça, mas o crescimento mais importante dos últimos anos é para Angola", onde há cerca de 100 mil portugueses, números que não "andam muito longe" dos oficiais.

"A emigração para os Estados Unidos,Canadá ou Venezuela não desapareceu,mas baixou, quando comparada com os novos destinos", diz, acrescentando que a França é o único país que mantém um fluxo regular e constante de emigrantes portugueses." Talvez o único número que é bastante diferente de tudo o que se estava à espera é (...) na África do Sul, que com toda a informação disponível é muito, muito, muito inferior a tudo o que sempre se disse", refere. Os dados oficiais apontam para aexistência de 300 mil emigrantes na África do Sul, mas Rui Pena Pires afirma que "todas as contas que se conseguem fazer apontam para entre 30 mil e 50 mil".

O investigador afirma ainda que "uma parte da nova emigração na União Europeia é mais temporária e envolve mais circulação do que nopassado", justificando que é uma emigração mais qualificada e porque as deslocações são mais baratas que no passado.

Sem dados que lhe permitam perceber os efeitos da actual crise económica na emigração portuguesa, Rui Pena Pires considera, no entanto,que "os emigrantes não são parvos e não vão emigrar se não tiverem oportunidades maiores no país para onde vão emigrar do que no país onde estão".

Segundo os últimos dados da Direcção-Geral dos Assuntos Consulares e Comunidades, há 4.968.197 portugueses no estrangeiro, mas este número é apenas relativo aos inscritos nos Consulados, registo que nãoé obrigatório.

Lusojornal, aqui, acedido em 15 de Junho de 2009.

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