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Austrália: Motivação para emigrar é a mesma de há três décadas
2012-12-11

José Paiva e Celso vão emigrar para a Austrália. O motivo é comum a pai e filho: fugir à crise em Portugal.
"Tanto o meu pai como eu sentimos que o que a vida nos estava a oferecer em Portugal estava muito aquém do que queríamos para nós próprios e procuramos uma saída", conta Celso Paiva, que há dois anos seguiu as passadas do pai e optou por voltar a emigrar para a Austrália.
Em 1985, tinha Celso dois anos, emigrou por opção dos pais. Hoje é emigrante por vontade própria e não está arrependido, embora admita que a satisfação é sobretudo profissional e que, se houvesse oportunidades de carreira em Portugal, "não teria motivos para sair".
Ana Paiva, a mãe de Celso, conta que a decisão que tomou com o marido, José, em 1985, com o FMI em Portugal, ocorreu numa época "só um bocadinho melhor" do que a atual. Ainda assim, e apesar de na altura não estarem desempregados, Ana e José decidiram que "as coisas estavam tão más" que a melhor opção era emigrar.
"Deixámos empregos, casa para pagar e fomos", conta, lembrando que o marido foi trabalhar para a empresa do irmão, que já lá estava desde os anos 1960, e Ana arranjou emprego como intérprete num hospital. Regressaram ao fim de dez anos, com mais uma filha.
Tal como os pais 30 anos antes, Celso não batera no fundo, não estava desempregado, mas as perspetivas não eram as melhores e a ideia que tinha de um dia experimentar trabalhar no estrangeiro foi acelerada. "Acabou por ser numa altura ótima. Engenheiro civil, Celso demorou dois meses a conseguir trabalho e arranjou emprego no setor da construção de caminhos-de-ferro, a área em que já trabalhava em Portugal. "As oportunidades (na Austrália) são incomparáveis ao que existe em Portugal", diz o emigrante, lembrando que um país "com uma economia muito forte e em pleno desenvolvimento" é ótimo para quem trabalha no setor da construção.
Já os pais, hoje na casa dos 50 anos, nunca pensaram "que fosse necessário voltar a emigrar ao fim de tantos anos", mas é isso que vai acontecer. José Paiva tem viagem marcada para a Austrália já em janeiro e, tal como fez há 30 anos, vai trabalhar para a empresa do irmão que lá está desde os anos 1970, enquanto Ana quer ficar para acompanhar os pais, na casa dos 80 anos.
José não está desempregado, trabalha numa empresa de fiscalização de obras e, como diz a mulher, a família tem tido sempre "uma vida razoável", mas atualmente está colocado a 450 quilómetros de casa e não recebe ajudas de custo para suportar a distância.
Embora garanta que a família não é "de lamúrias", lamenta a situação: "Podíamos estar a pôr de lado algum dinheiro para a reforma e estamos a gastar aquele que não queríamos". Para já, e porque são gente "terra a terra", os Paiva vão fazendo planos de reuniões familiares - no verão na Austrália, no Natal em Lisboa - e aproveitam aquilo que a tecnologia lhes dá: "Temos Skype, temos Facebook. Quando emigrei, em 85, telefonava uma vez por semana e escrevia todas as semanas", lembra Ana. "Apesar de os quilómetros serem os mesmos, sentimo-nos hoje muito mais perto".

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