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Emigrantes portugueses estão a "desistir" do país
2012-11-19
Muitos emigrantes portugueses estão a “desistir do país” e a pedir a naturalização nos países de destino. Em 2010, quase cinco mil portugueses pediram nacionalidade francesa. Na Suíça, foram 2200 os portugueses a tornaram-se naturais daquele país.

Por Natália Faria

No mesmo ano, no Luxemburgo houve 1345 emigrantes portugueses que adquiriram dupla nacionalidade. "São dados novos que traduzem uma desistência de Portugal, isto é, estes portugueses estão a tornar permanente a sua emigração e a desistir do regresso", interpreta Pedro Góis, do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra.

Sem mais elementos quanto às características destes emigrantes, o investigador admite que, a tratar-se de emigrantes mais velhos e antigos, "pode querer dizer que entendem que os sistemas de saúde portugueses estão a perder eficácia ou que as zonas de onde saíram, por exemplo, estão desertificadas; logo, não vale a pena regressar".

Para Pedro Góis, cabe ao Governo retirar ilações destes dados e impedir que tal se repita com a nova vaga emigratória. "Andamos todos a dizer que os emigrantes que estão a sair estão apenas a aproveitar oportunidades de trabalho momentâneas lá fora, mas, se nada for feito, esta emigração pode tornar-se permanente e isso terá consequências muito negativas para o país em termos económicos e demográficos", alerta.

Os ministérios dos Negócios Estrangeiros, do Trabalho e da Segurança Social já deviam estar, assim, a articular-se no desenho de políticas capazes de, "a médio e longo prazo, garantir o regresso dos novos emigrantes". Como? "Fazendo com que a contratação destas pessoas pelas empresas portuguesas seja bonificada em termos de contribuições para a Segurança Social", exemplifica, para considerar que o país "não está em condições de perder estas pessoas".

Em sentido contrário, e de acordo com os mesmos dados revelados na passada semana pelo Eurostat, Portugal registou, em 2010, 21.800 pedidos de naturalização de imigrantes (25.600 no ano anterior). Os brasileiros seguem à frente, seguidos dos cabo-verdianos e dos moldavos.

Pedro Góis considera, porém, que tais pedidos têm "escondida" uma aspiração de obtenção da cidadania europeia. "Os brasileiros e os cabo-verdianos, pelo menos, têm uma pragmática muito semelhante, na medida em que, obtendo a nacionalidade portuguesa, adquirem maior liberdade de circulação quer na Europa, quer nos Estados Unidos, onde passam a beneficiar da isenção de visto."

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