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Novos emigrantes não podem ser 'responsabilidade' dos já instalados
2012-11-19

O presidente da Coordenação das Colectividades Portuguesas de França (CCPF) considera que a ajuda aos novos emigrantes "não pode ser da inteira responsabilidade dos portugueses já instalados no país", e diz que as associações "não estão preparadas para esta vaga".

Em declarações à agência Lusa, José Cardina afirma que "quem chega vem desamparado", e defende que "não se pode dar a responsabilidade completa [de ajudá-los] aos portugueses que já estão instalados".

"Pode haver muita solidariedade, pode haver ajuda, mas não uma responsabilidade total", acrescenta o responsável, sublinhando também que, embora seja natural que quem planeia ir para França e que quem chega peça ajuda às associações portuguesas, estas "não estão preparadas para ajudar esse fluxo de pessoas, se não houver solidariedade familiar".

As famílias, acrescenta, "sempre arranjam, com conhecimentos, algum trabalho e alojamento" aos novos emigrantes. Caso contrário, alerta, quando se emigra sem informação, sem emprego, sem garantias ou sem conhecimentos, a situação torna-se "bastante difícil".

A respeito da possibilidade de um português conseguir emprego em França, José Cardina afirma que "há trabalho", mas alerta para o facto de as vagas serem maioritariamente para empregos "mais técnicos", como especialidades da construção civil, ou desqualificados, como nas limpezas.

Quando se trata de empregos mais qualificados, previne, "é essencial um domínio perfeito da língua francesa".

"O grande problema é que a nova emigração é constituída por bastantes jovens, que têm formação, por vezes universitária, e que muitas vezes acabam por ter que se sujeitar a trabalhos a que não estão habituados. Não é fácil. Sobretudo porque depois existe precariedade no alojamento, e o custo de vida é muito elevado", acrescenta.

José Cardina considera que "há uma falta de informação flagrante na preparação desta emigração". Prova disso é que tem conhecido casos de jovens "que vieram com ilusões de Portugal e que estão a regressar e a dizer que [a tentativa de emigração] foi uma decepção total".

O cenário que as associações portuguesas em França traçam sobre a chegada de mais portugueses ao país nos últimos tempos "é negro", diz o presidente da CCPF: "Não há nenhum apoio do Governo português para aqueles que partem, nem do Governo francês para aqueles que chegam", explica.

"Em França há trabalho, mas tem que haver um mínimo de acompanhamento para a instalação num país estrangeiro. O eldorado já não existe", conclui.

Lusa/ SOL, aqui.

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