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Ensino de português no estrangeiro em situação «caótica»
2012-02-10
Denúncia partiu da secretária-geral do Sindicato dos Professores nas Comunidades Lusíadas

A situação do Ensino do Português no Estrangeiro (EPE) é «caótica» e está a gerar temor entre pais, alunos e professores quanto ao futuro do ano lectivo e do próprio ensino do português na diáspora, disse à Lusa hoje uma representante sindical.

Teresa Soares, secretária-geral do Sindicato dos Professores nas Comunidades Lusíadas, afirmou à Agência Lusa que existe «uma atmosfera de fundado temor», entre pais, alunos e professores, sobre o futuro do EPE e do próprio ano lectivo (2011/2012) com as medidas tomadas pelas autoridades portuguesas.

Segundo a sindicalista, cerca de 5.000 alunos do EPE ficaram sem aulas depois de 49 professores (20 em França, 20 na Suíça e nove em Espanha) verem as suas comissões terminadas a 31 de Dezembro.

No total, desde o início deste ano lectivo, 15 mil crianças estão sem aulas e quase 200 professores foram retirados do sistema de ensino.

«[As autoridades portuguesas] têm tentado que alguns desses grupos de alunos, dessas turmas que ficaram sem aulas, sejam integradas nos cursos de outros professores, mas isso é muito problemático, porque há incompatibilidade de horários e, além disso, os professores já estão sobrecarregados», declarou Teresa Soares.

De acordo com a sindicalista, «neste momento, há professores na Suíça que estão a fazer ou vão fazer deslocações de oitocentos ou até mil quilómetros por semana para poderem acompanhar cursos que ficaram sem aulas».

«O problema é que isso está a afectar muito gravemente a qualidade do ensino, porque a coordenação da Suíça e a coordenação de França estão a pressionar os professores para que reduzam as horas com os alunos que já têm para poderem ir dar aulas a outros alunos», sublinhou.

Teresa Soares afirmou que os alunos estão a ficar com piores condições de aprendizagem, já que têm menos tempo de aulas, e os professores estão sobrecarregados porque têm grupos maiores e mais níveis para leccionar.

Sobre a certificação dos cursos de português como língua materna, que o governo pretende estabelecer, a sindicalista referiu que neste momento não é prioritário.

«Há certificação de outros tipos. Nós precisamos é de professores, de condições de trabalho, os nossos alunos precisam de condições para aprender e, principalmente, as pessoas precisam de ter um pouco de garantia, um pouco de calma e não estar sempre a pensar que chegando ao fim do ano não se sabe se haverá aulas ou não no ano seguinte. Isso é uma preocupação constante, pois nunca se sabe como vai ser ou se vai haver o ano lectivo seguinte», adiantou Teresa Soares.

«A formação de língua portuguesa não é certificada, ou seja, nós damos a esses 60 mil alunos o ensino em língua portuguesa e depois não lhes passamos nenhum certificado disso», referiu, na quinta-feira à Lusa, o secretário de Estado das Comunidades, José Cesário.

Segundo Cesário, «isso só é feito para o ensino do português como língua estrangeira e não para o ensino do português como língua materna».

«O que vamos fazer, a partir de agora, é essa certificação, que é uma coisa que não se faz e é inaceitável. É verdade que há cantões suíços que fazem, é verdade que em França se faz, é verdade que num ou outro sítio se faz, mas em muitos sítios não», referiu José Cesário.

Teresa Soares disse ainda que «está a haver a tendência, na Suíça, da coordenação de ensino tentar pressionar os pais a pagarem os professores».

«Isso é contra a Constituição. Como toda a gente sabe, a Constituição prevê essas aulas a título gratuito», referiu.

Na Suíça, as associações de pais e o movimento cívico de defesa do ensino da língua portuguesa reúnem-se no sábado para discutir o futuro do EPE.    

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