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Ensino do português em risco em França e na Bélgica, apontam diplomatas
2011-11-17
A anunciada redução de professores de português no estrangeiro está a pôr em causa o ensino da língua em França e na Bélgica, acusam os diplomatas.

O conselheiro das Comunidades Portuguesas na Bélgica, Pedro Rupio diz que o ensino do português no estrangeiro "pode estar muito perto do fim", com a anunciada redução de 50 postos de professores, pelo Governo. "Estamos a viver um momento histórico na nossa comunidade, como em todas as comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo", escreveu Pedro Rupio, num comunicado.

Depois de vários problemas com o arranque do ano lectivo, nomeadamente na Bélgica, este mês chegou "a bomba", com os sindicatos a serem informados da supressão de "50 postos de professores até ao fim deste ano, o que põe em causa 5000 alunos em todo o mundo a meio do ano lectivo", continua o conselheiro. Rupio apelou à mobilização de "cada um dos cinco milhões de portugueses da diáspora de forma bem clara porque se ficarmos de braços cruzados, os nossos filhos perderão o acesso à aprendizagem da língua e cultura portuguesas de forma irreversível".

A primeira iniciativa a lançar entre os emigrantes portugueses na Bélgica será um abaixo-assinado, para o qual o conselheiro disse contar "com uma adesão em peso de toda a comunidade neste movimento de protesto".

Também o embaixador de França em Portugal mostrou preocupação com os cortes anunciados no ensino de português no estrangeiro e diz que o futuro está no plurilinguismo e na normalização do estatuto dos professores. À margem de um jantar com luso-descendentes, na quarta-feira, em Lisboa, Pascal Teixeira da Silva reconheceu que os anunciados cortes no ensino de português no estrangeiro o preocupam. 

No mesmo dia, em audição parlamentar, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, reiterou que as substituições de professores não serão renovadas por falta de dinheiro e defendeu a reforma do sistema de ensino do português no estrangeiro.

Recordando que existe "um grupo de trabalho misto, franco-português" a analisar as questões educativas e de língua - que já se reuniu duas vezes, mas, "com a mudança de Governo, os trabalhos pararam" -, o diplomata adiantou que num encontro recente com o ministro da Educação, Nuno Crato, este concordou com a necessidade de retomar os trabalhos deste grupo, para "melhorar as condições de ensino e aprendizagem do francês em Portugal e do português em França".

Pascal Teixeira da Silva sublinhou que "o português está a mudar a sua imagem", deixando de ser "apenas a língua de uma comunidade" para passar a ser uma "língua da globalização". "Durante décadas, o ensino de português esteve ligado ao ensino virado para uma comunidade, para as crianças das comunidades imigrantes", recordou. Mas "agora as coisas estão a mudar", há uma outra procura e o futuro do português passa cada vez mais por um "estatuto de língua da globalização e não só de língua de uma comunidade", sustentou.     

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