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Portugueses “presos” em Londres porque consulado não responde atempadamente a pedidos
2010-07-18

Emigrantes em Londres acusam os serviços do consulado de chegar a demorar três meses para marcar uma reunião para tratar de documentos, impedindo-os de viajar para Portugal ou mesmo de conseguir um emprego.

Segundo o conselheiro da comunidade portuguesa António Cunha, neste momento o consulado português em Londres tem uma lista de espera "de mais de 800 marcações", o que significa ter de "ficar dois a três meses à espera" para conseguir ser atendido.

A simples tarefa de telefonar para marcar um atendimento também pode ser complicada. "Estive dois, três dias a telefonar para lá e ninguém me atendia. Depois fui à Internet e só consegui uma vaga para passados dois meses", conta à Lusa Alcino Sequeira, 34 anos, há três anos e meio emigrado em Inglaterra.

Francisco Vilela também enviou um e-mail e nunca obteve resposta até que um dia, depois de "mais de meia hora ao telefone para ser atendido", lhe disseram que não lhe conseguiam responder para a sua caixa de correio eletrónica.

"Não percebo: eu vivo em Londres há 16 anos, porque é que não me mandaram uma carta a responder ao meu pedido? Mas a verdade é que eu nunca recebi uma única informação do consulado, nem mesmo quando mudaram de instalações", critica o emigrante.


Nos últimos tempos, o conselheiro da comunidade portuguesa António Cunha diz que tem "recebido telefonemas de casais portugueses todos os dias, a todas as horas, a pedir para marcar um apontamento".

Entre as histórias "dramáticas", António Cunha diz haver várias famílias que têm baptizados marcados em Portugal e não conseguem abandonar o país porque não têm os documentos das crianças (passados pelo consulado) e jovens que não conseguem emprego porque não arranjaram passaporte a tempo.

Agora, em época de férias, são muitos os emigrantes que se vêem "presos" ao país por "incompetência do consulado" que não responde em tempo útil, sublinha Francisco Vilela.


E a marcação de uma reunião para tratar dos papéis nem sempre é sinónimo de problema resolvido, lamenta António Cunha.


"Marcam a reunião para dois ou três meses depois e as pessoas quando chegam lá ouvem coisas como "falta um documento" ou "o sistema está em baixo" e por isso têm de lá voltar novamente", garante.

Em Londres, os portugueses têm de madrugar para tentar conseguir ser atendidos no dia: "As pessoas vão para a porta do consulado às quatro da manhã para conseguir um apontamento para esse dia", garante Alcino Sequeira.

"O consulado português em Londres é uma vergonha", resume este emigrante, lembrando que ali "nem sequer têm um serviço de atendimento de urgência": "Se um português vier para aqui de férias e tiver o azar de ter um problema tem de esperar, porque eles não têm um serviço de urgência", alerta Alcino.


Contactada pela Lusa, fonte do gabinete do secretário de Estado das Comunidade disse ter conhecimento da situação e explicou que "a solução passa pela mudança de instalações", que já está a ser tratada.


"Vamos abrir um consulado à imagem e semelhança de Paris, onde o atendimento médio é de 500 pessoas por dia e demoram sete minutos a ser atendidos", disse a fonte, sem precisar a partir de quando é que os portugueses em Londres poderão começar a usar as novas instalações.

Público, aqui.

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