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Portugueses no Luxemburgo: duas gerações mas muito a fazer
2009-10-01
Tudo começou no final da década de 60 e, desde então, nunca mais parou. Ainda que se registem fases de afluência mais ou menos intensas, os portugueses continuam a emigrar para o Luxemburgo, procurando novas oportunidades, novos desafios.

Com mais de 70 mil pessoas em 2006, a comunidade portuguesa é a maior comunidade estrangeira no Luxemburgo. Ela representa 16% da população total e 41% da população estrangeira. Hoje, esta comunidade constitui-se dos primeiros portugueses a chegar ao país - ou os pioneiros, que se incluem no êxodo dos anos 60 -, dos que se instalaram mais recentemente, e também dos luso-descendentes nascidos no Luxemburgo. Que características os unem e os distinguem - nomeadamente a nível de escolaridade, profissões, sectores de actividade e condições de vida - são as questões a que um inquérito do PSELL3 (Panel Socio-Economique Liewen zu Lëtzebuerg) procurou responder e do qual resultou um artigo intitulado "Zoom sobre os primeiros emigrantes portugueses e os seus descendentes".

De acordo com o estudo, o perfil dos portugueses radicados no Luxemburgo é, no geral, relativamente semelhante, quando comparado com o perfil daqueles que já nasceram no Luxemburgo ou que para aqui vieram quando contavam menos de 12 anos (a chamada segunda geração).

Cerca de 90% dos portugueses que emigraram depois de 1960 tem apenas o ensino primário, tendo o panorama melhorado ligeiramente com os recém-chegados, graças à crescente melhoria do sistema educativo em Portugal.

Bem mais instruídos dos que os primeiros, os portugueses da segunda geração, tendo frequentado o sistema educativo luxemburguês, são ainda assim 32% a não exceder o ensino primário, 58% os que obtiveram um diploma do ensino secundário (na sua maioria respeitante à via técnica ou profissional) e 10% a deter um diploma do ensino superior.

A título de comparação, os luxemburgueses da mesma idade que terminaram o ensino obrigatório no Luxemburgo são 29% a possuir um diploma universitário.


Profissões mais diversificadas entre luso-descendentes

Os sectores de actividade e os tipos de emprego dos portugueses emigrantes da década de 60 e seguintes também não evoluíram muito de acordo com a data de chegada ao país. Cerca de 60% dos portugueses trabalham ou já trabalharam na construção, enquanto 70% das portuguesas se dedica à limpeza associada a particulares ou empresas.

Já a segunda geração, com melhor formação e conhecedora das línguas mais faladas no Luxemburgo, concentra-se em menor escala nas profissões e sectores de actividade dos seus pais. O sector de actividade preferido continua a ser, para os homens, a construção, mas entram também em cena a indústria, o comércio e a reparação. Já as mulheres exercem funções essencialmente nos domínios da saúde e da acção social e no comércio.

No que diz respeito à qualidade de vida, e restringindo agora a análise apenas aos portugueses que emigraram depois de 1993 e toda a segunda geração, dois grupos mais próximos no ciclo de vida, o estudo revela diferenças significativas.

Os primeiros registam uma taxa de risco de pobreza monetária relativa de 56% contra 13% no seio da segunda geração.

Além disto, 64% dos primeiros afirmam viver com muitas ou algumas dificuldades com os recursos de que dispõem, contra 28% dos da segunda geração.

Os portugueses que cresceram no Luxemburgo e os luso-descendentes são também os que menos têm problemas em lidar com uma despesa imprevista (80% contra 35%), na medida em que têm mais facilidade em economizar.

Realizado em 2003 pelo PSELL3, no âmbito do programa estatístico EU/SILC da União Europeia (Statistics on Income and Living Conditions), o inquérito abordou 9500 pessoas. Um artigo foi posteriormente redigido por Frédéric Berger e publicado em 2009. Gratuito e disponível em francês, pode ser consultado aqui.

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