por Lusa
O cabeça-de-lista do PSD pelo círculo da Europa, Carlos Gonçalves, defendeu hoje a necessidade de voltar a colocar a emigração entre as prioridades da política externa, acusando o Governo ter ignorado por completo este sector.
"Não houve política de emigração. O eng.º José Sócrates nunca teve uma iniciativa exclusiva para as comunidades e, pior que isso, os dois ministros que estiveram no Palácio da Necessidades esqueceram, ignoraram por completo este sector", disse Carlos Gonçalves à Agência Lusa, resumindo o tom da sua intervenção, segunda-feira à noite, na sede do principal partido da direita francesa (UMP) em Paris.
Carlos Gonçalves apresentou em Paris as principais linhas do programa do PSD na área da emigração às próximas eleições legislativas de 27 de Setembro, perante uma plateia de 100 militantes na presença de dirigentes da UMP.
O deputado social-democrata alargou ainda as críticas ao titular da pasta das Comunidades, considerando que não teve uma "proximidade mínima" dos emigrantes, apontando como prioridade do programa do PSD a reintrodução das comunidades nas prioridades da política externa.
"Não podemos ter uma política externa que não conte com estes 4,5 milhões de portugueses e luso-descendentes", disse.
Para este antigo titular da pasta da emigração, a governação socialista "tentou intencionalmente fazer esquecer uma área que punha em causa o discurso político" do Governo.
"Nestes últimos anos, houve um aumento claro dos fluxos migratórios o que demonstra o insucesso das políticas económicas do eng.º Sócrates. Ao emigrarem como emigraram, criaram-se situações de grande precariedade social nas comunidades, que o Governo tentou escamotear", sublinhou.
Carlos Gonçalves, que tutelou a área da emigração no último Governo PSD/CDS-PP, disse à Lusa temer pelo futuro do próximo secretário de Estado das Comunidades devido ao "esvaziamento de recursos humanos e competências" que diz ter-se registado na Direcção-geral dos Assuntos Consulares e Comunidades Portuguesas (DGACCP), durante a última legislatura.
Sobre as propostas social-democratas, Carlos Gonçalves destacou ainda a intenção de alargar os direitos políticos e cívicos dos emigrantes portugueses, propondo a sua participação nas eleições autárquicas em Portugal bem como a possibilidade de se recensearem automaticamente.
"Quem faz o Cartão do Cidadão em Portugal automaticamente fica inscrito no recenseamento eleitoral e isso no estrangeiro não acontece porque a lei não permite. É intolerável", disse.
Captar as poupanças e o investimento das comunidades portuguesas é outra das ideias dos social-democratas, que se propõem retomar a conta poupança-emigrante e organizar as redes empresariais das comunidades portuguesas.
No âmbito da campanha eleitoral para as legislativas de 27 de Setembro, Carlos Gonçalves participa hoje num jantar em Paris com a presença do eurodeputado Paulo Rangel, tendo acções agendadas até ao final da semana no Luxemburgo, Lyon e Londres.
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