Macau, China, 05 Set (Lusa) - Casimiro Pinto e Pereira Coutinho, líderes de duas listas na corrida às legislativas de Macau, consideram que a comunidade portuguesa é alvo de uma certa "discriminação" no território, situação que pretendem inverter se forem eleitos deputados.
Casimiro Pinto, da lista "Voz Plural, Gentes de Macau", sublinhou à Agência Lusa que "há uma certa discriminação contra as pessoas que dominam apenas uma das línguas oficiais", considerando a situação intolerável.
"Somos todos cidadãos de Macau, sendo necessário respeitar a história, identidade e todas as comunidades do território", sustentou o candidato, garantindo que, se for eleito, o primeiro projecto de lei que irá submeter ao hemiciclo "será contra qualquer tipo de discriminação, especialmente baseada na língua".
O líder da lista "Voz Plural, Gentes de Macau" - projecto que se assume como representativo do "multiculturalismo, pluralismo e singularidade de Macau" - defende que "a língua portuguesa é um instrumento fulcral no desenvolvimento futuro de Macau".
"É preciso dar mais atenção à protecção da língua portuguesa, que não pode ser encarada como um património colonial, mas como um instrumento que temos de defender, porque é a diferença de Macau", alertou Casimiro Pinto.
Pereira Coutinho, deputado e líder da lista "Nova Esperança", salientou, por sua vez, que "os interesses da comunidade portuguesa de Macau não são, de uma forma geral, bem defendidos pela maioria dos deputados".
O também conselheiro das comunidades portuguesas considerou, em declarações à Lusa, que a sua entrada no hemiciclo, em 2005, veio ajudar a inverter a situação e espera que "o próximo chefe do Executivo seja mais comunicador e ouça os diferentes quadrantes da sociedade".
Casimiro Pinto não tem dúvidas que, nos próximos quatro anos, "a Assembleia Legislativa tem de proteger melhor os direitos da população e o diálogo com o Governo tem de ser incrementado".
Já Pereira Coutinho, diz ser necessário o exercício de uma maior fiscalização sobre a actividade do Executivo e mais iniciativa legislativa dos deputados, "que lutam com dificuldades para exercerem o seu mandato".
As duas listas juntaram-se hoje às restantes 14 equipas na corrida para darem a conhecer, no primeiro dia de campanha, as principais bandeiras à população num palco montado na praça do Leal Senado.
Foram poucos os residentes que pararam para ouvir as palavras de ordem das 16 listas, preferindo passear pelos quiosques das candidaturas e recolher os brindes distribuídos entre panfletos, balões, bandeirinhas, garrafas de água e até pacotes de lenços de papel com as caras dos candidatos.
As eleições estão agendadas para 20 de Setembro.
A Assembleia Legislativa de Macau é constituída por 29 deputados, dos quais 12 são eleitos por sufrágio directo e universal, 10 são eleitos indirectamente pelas associações representativas da sociedade e sete nomeados pelo chefe do Executivo.
PNE.
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