Luís Amado, que teve um encontro com Mandela e com a sua mulher, Graça Machel, na Fundação Mandela, em Joanesburgo, entregou ao histórico líder sul-africano, de 91 anos, o Prémio Geremek de promoção da democracia que lhe foi atribuído em 12 de Julho durante o encerramento da Presidência portuguesa da Comunidade das Democracias.
Em declarações à agência Lusa após o encontro a sós com o símbolo da luta anti-"apartheid", Luís Amado salientou que Mandela legou ao mundo e às gerações vindouras uma lição universal e inestimável de respeito, tolerância e não-violência nos processos políticos que Portugal pretende ajudar a difundir.
"Nesse aspecto, Portugal pode no continente europeu ser um instrumento de projecção deste legado e trocámos algumas ideias sobre iniciativas que podemos tomar em conjunto no futuro próximo para projectar este legado para fora das fronteiras da África do Sul", referiu o ministro português dos Negócios Estrangeiros.
Amado recordou que a dívida de gratidão e a admiração de Portugal por Nelson Mandela assume ainda uma maior dimensão pela forma como a intervenção do velho líder no processo político da transição sul-africana contribuiu para a segurança e estabilidade futura da vasta comunidade portuguesa residente no país.
"Portugal sente isso de forma muito particular se tivermos em consideração a grande inquietação em relação ao futuro que se vivia nesta comunidade quando se deu a transição e o fim do apartheid, e como Nelson Mandela foi capaz de restaurar a confiança de comunidades como a portuguesa no futuro da África do Sul. Hoje mesmo tive oportunidade de transmitir a nossa enorme dívida de gratidão em nome do governo português", revelou Luís Amado.
Graça Machel, com quem o ministro Luís Amado se encontrou antes do frente-a-frente com Nelson Mandela, manifestou apreço pelo gesto do membro do governo português de ter feito uma escala de poucas horas em Joanesburgo para entregar o Prémio Geremek ao marido, declarando que ambos se sentem "honrados" com a visita e com o galardão atribuído pela Comunidade das Democracias.
"Há necessidade de universalizar o legado de Nelson Mandela e queremos que por isso este legado seja protegido também em Portugal e que a figura de Nelson Mandela seja uma imagem mais difundida junto das novas gerações, que seja conhecido o seu legado e todo o trabalho que ele desenvolveu para preservar a grande nação sul-africana", concluiu Luís Amado, que segue esta tarde para Timor-leste, onde vai participar nas celebrações dos dez anos da Consulta Popular.
AP
Lusa/fim
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