Do 'jornal caseiro' ao programa de rádio regional, a comunidade
portuguesa no Reino Unido continua a criar os seus próprios meios de
comunicação para informar mas também para ajudar a integrar na sociedade
britânica.
Este é o objectivo de Paulo Aleixo, que há um
mês produz um programa na Zeta FM, uma rádio comunitária em Mildenhall, na
região de Suffolk, no sudeste inglês, onde residem dezenas de milhar de
portugueses.
No programa de três horas, entrevista pessoas,
recebe telefonemas e transmite conselhos e informações relacionados com a vida
da comunidade na zona.
As questões mais abordadas, disse à agência
Lusa, relacionam-se com seguros de automóvel e regras de trânsito locais, que
são diferentes das portuguesas e causam problemas para muitos emigrantes.
"Tentamos alertar e dizer o que devem
fazer", resume o radialista, que trabalhou em Portugal na rádio Energia,
Marginal e TSF e cuja principal ocupação é actualmente a de responsável de
colheitas numa quinta.
Desde que começou o programa 'O Galo de
Barcelos', no início de Julho, Aleixo acredita que o número de ouvintes tem
aumentado graças à transmissão do programa também pela internet.
"Recebemos e-mails de Manchester,
Liverpool, Cambridge e até Londres a dizer até que enfim que há um programa de
rádio", congratulou-se.
A um nível mais local, Manuel Mendonça criou
mais a norte, em Great
Yarmouth, uma newsletter que já vai no sexto número em 16
meses.
"Antes chamava-se o Boca a Boca e tive de
lutar muito para que fosse bilingue", disse o presidente da associação
Heróis do Mar à Lusa.
A ideia, contou, foi sempre de tentar
aproximar portugueses e ingleses, mostrando os "pontos que os unem".
Por isso escreveu textos sobre personagens
históricas, como a rainha Catarina de Bragança, responsável pela introdução do
hábito de beber chá em Inglaterra, e o duque de Wellington, que liderou as
tropas britânicas no combate às invasões francesas em Portugal.
A newsletter, que agora se chama 'Heróis do Mar',
possui também informação sobre a região e as actividades da associação.
A tradução em inglês, reconhece, não é
perfeita "porque acho que os ingleses também pretendem perceber o nosso
mecanismo mental de construção de frases, que é diferente", justifica.
"Não lhe quero tirar essa genuinidade", valorizou.
Consciente das limitações do seu jornal
amador, Manuel Mendonça não faz concorrência a outros jornais da comunidade
portuguesa no Reino Unido.
"Não é uma newsletter de informação, é
uma newsletter de integração", vincou.
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