Título Retratos da emigração em Ganhar a vida e Gaiola dourada
Autor Manuel João Gaspar Ferreira Paulo
Orientadora Luísa Afonso Soares
Ano 2019
Institutição Faculdade de Letras, Universidade de Lisboa
Grau Mestrado
Área Cultura e comunicação
Palavras-chave Cinema, emigração, confronto de culturas, hibridismo, transculturalidade
URI http://hdl.handle.net/10451/37299
Resumo
Esta dissertação tem com objetivo a análise dos retratos da migração portuguesa no cinema. Neste sentido começámos por realizar pesquisa sobre o estado da arte. Foram encontradas sobretudo trabalhos académicos sobre a problemática dos emigrantes portugueses em França, desde os anos 1950 à atualidade, período que nos interessa particularmente. Posteriormente, com o objetivo de comparar a investigação e a cinematografia produzida até então, procedemos à criação de um extenso corpus de filmes. Após o visionamento dos filmes e documentários decidimos eleger duas ficções, que consideramos as mais representativas da emigração portuguesa para França, são eles: Ganhar a vida de João Canijo de 2001 e Gaiola Dourada de Rúben Alves, de 2013. Pareceu-nos importante apresentar um enquadramento histórico-social, que permita uma leitura mais esclarecida dos filmes em análise. Com este objetivo realizámos uma breve história da emigração portuguesa para França, que inclui uma síntese do que foi o regime salazarista e das suas instituições face à emigração, a fim de demonstrar o quanto era dúbia a política de Salazar face à emigração. A seguir fizemos uma reflexão sobre o Accented Cinema e outras variantes de cinema que tratam a questão das minorias, onde estão incluídos os emigrantes. Expomos a forma como este tipo de cinema e as migrações em si têm modificado culturalmente, a partir do seu interior, as sociedades europeias, sendo que estes países têm passado de uma monoculturalidade étnica para uma multiculturalidade, tornando o espaço Schengen transcultural e transnacional. Após este capítulo elaboramos uma pequena reflexão sobre o cinema português, com incidência nas questões relativas a alteridade, colocando a tese de que o cinema português dos últimos tempos tem evoluído para um cinema transcultural e transnacional. Partindo desta perspetiva, procedemos à análise dos filmes selecionados, na convicção de que representam abordagens distintas e paradigmáticas do que foi a emigração portuguesa. Por fim, a conclusão remete-nos para a comparação entre os dois filmes, aplicando conceitos que foram sendo trabalhados em capítulos anteriores com o objetivo de trazer um pouco mais de luz sobre o que tem sido os meandros da emigração portuguesa em França.