Título Dinâmicas transnacionais da emigração portuguesa em França
Autor Sara Frias Moura Ramos
Orientadores Licínia Simão
Ano 2014
Institutição Faculdade de Economia, Universidade de Coimbra
Grau Mestrado
Área Relações internacionais, estudos europeus
Palavras-chave Transnacionalismo, emigração portuguesa, França, Aquitaine
URI http://hdl.handle.net/10316/27315
Resumo
Os movimentos de populações, e mais especificamente as migrações, são um tema ainda pouco estudado na disciplina de Relações Internacionais. Ora um tal fenómeno afeta e modela as relações que se estabelecem entre as vertentes do triângulo que se forma entre o país de origem, o país de acolhimento e o migrante. Guiado por esta convicção, o presente trabalho tem como objetivo analisar a emigração portuguesa para França à luz do conceito de transnacionalismo. A crise económica que se vive atualmente em Portugal tem levado inúmeros portugueses a procurar uma vida melhor fora do país, reproduzindo de certa forma o movimento de emigração em grande escala dos anos 60 e 70. Tradicional destino de eleição, a França tem acolhido nos últimos anos um contingente significativo de portugueses, cujo processo de emigração e integração se enquadra num contexto consideravelmente diferente, permitindo uma mobilidade livre graças à União Europeia. Focando-nos na comunidade portuguesa instalada na região de Aquitaine, procuramos saber em que medida estes migrantes se inscrevem na categoria de "transmigrantes" tal como ela é definida por Nina Glick Schiller, Linda Basch e Cristina Blanc-Szanton, ou seja, “migrantes que desenvolvem e mantêm múltiplas relações – familiares, económicas, sociais, organizacionais, religiosas e políticas – que atravessam fronteiras”. Tendo em conta um quadro de indicadores correspondentes a práticas transnacionais de carácter económico, político e sociocultural, baseamo-nos nos dados obtidos junto de emigrantes portugueses e de responsáveis institucionais para medir o grau de transnacionalismo desta comunidade nestas três áreas. Os resultados obtidos permitem-nos concluir que os emigrantes participantes no nosso estudo desenvolvem e mantêm relações transfronteiriças mesmo se a frequência do recurso a estas práticas transnacionais é variável: se verificamos uma forte componente de cariz sociocultural e em certa medida económica (no que respeita aos hábitos de consumo e circulação de bens), os dados obtidos relativamente aos indicadores políticos levam-nos a declarar que esta componente é praticamente inexistente. Levamos ainda em consideração a deslocação frequente destes emigrantes a Portugal, em conjunto com o contato frequente através dos meios de telecomunicação, o interesse manifestado pela atualidade portuguesa e, sobretudo, a dupla identificação da maioria dos inquiridos com Portugal e com a França. Concluímos assim que a definição de "transmigrante" concebida por Glick Schiller, Basch e Szanton-Blanc se adequa à caracterização dos emigrantes inquiridos no âmbito deste trabalho.