O Brasil assume-se hoje como o principal pólo comercial no espaço CPLP: até setembro do ano passado, as importações brasileiras aumentaram 134%, para US$ 2,51 bilhões, enquanto as exportações para os "oito" subiram cerca de 31%, para US$ 2,73 bilhões, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do Brasil.
Assumindo a manutenção do ritmo de trocas comerciais de US$ 1,747 bilhão por trimestre, nos dois sentidos, entre Setembro e Dezembro, este total anual ronda os US$ 7 bilhões.
Contudo, o expressivo aumento das importações deve-se sobretudo à compra de petróleo a Angola, cujo valor está este ano em quebra; até Setembro de 2008, as trocas entre os dois países atingiram US$ 3,33 bilhões, ficando em US$ 1,85 bilhão no caso português.
Em 2007, o total do comércio entre Brasil e os países da CPLP atingiu US$ 4,39 bilhões, um aumento de 28% em relação a 2006, sendo favorável ao Brasil em US$ 1,8 bilhão.
O total de US$ 5,24 bilhões entre Janeiro e Setembro do ano passado representou apenas 1,8% do total brasileiro no mesmo período (US$ 282 bilhões).
Francisco Mantero, secretário-geral do Conselho Empresarial da CPLP, cita números da Conferência das Nações Unidas para o Comércio (UNCTAD) que avaliavam as trocas intra-CPLP em apenas um por cento do total dos "oito", embora admita que este total tenha crescido nos últimos anos.
A baixa expressão desta porcentagem revela que os "oito" fazem "mais comércio com os países das suas respectivas regiões", o que "demonstra o enorme campo de oportunidade" para a CPLP na atividade comercial e empresarial, disse à Lusa.
"Isso tem a ver com rotas de navegação, aéreas, competição mundial - não é por falarmos a mesma língua que os produtos são mais competitivos", afirma.
Quanto a Portugal, o total de 2007 rondou 4,1 bilhões de euros, sendo que o saldo comercial é favorável a Portugal em 544 milhões de euros.
A balança "é favorável a Portugal, apesar do significativo déficit comercial com o Brasil, anulado pelo comportamento positivo da maioria dos restantes membros desta Comunidade de Estados", cita o relatório do Gabinete de Planejamento, Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais do Ministério das Finanças.
Entre 2000 e 2007, segundo o relatório, o peso das importações provenientes dos países da CPLP no total das entradas de mercadorias passou de 1,4% para 3,2%, enquanto que as exportações, no mesmo período, subiram de 3,3% para 6,3%.
O Brasil representou no último ano da análise 77% das importações portuguesas com origem na CPLP, seguido de Angola (20,8%), país que se destaca essencialmente enquanto mercado de exportação (72,4% do total do grupo de países).
Lusa, aqui, acedido em 20 de Julho de 2009.