Como se representa os refugiados nos meios de comunicação social?
A forma como as notícias são apresentadas influencia o modo como as pessoas interpretam a realidade que as rodeia. O caminho que leva à constituição de espaços representacionais, ou à legitimação da imagem de uma população determinada, nunca é fácil de circunscrever. No entanto, a discussão e a reflexão sobre que imagem escolher, que perspetiva, o que focar, sobre quem entrevistar, encontra-se na prática diária dos jornalistas, pelo que os meios de comunicação constituem canais privilegiados através dos quais interpretações da realidade são difundidas e através dos quais se criam condições para as acreditar.
Muito do espaço e tempo nos media tem sido dedicado ao recente fluxo de refugiados chegados à Europa, fugidos essencialmente de contextos de guerra, mostrando a importância da forma como certas mensagens são transmitidas.
Embora não sempre homogéneos, alguns discursos dos meios de comunicação têm contribuído para mediatizar e legitimar movimentos anti-migração racistas e o controlo cada vez mais restrito tanto das fronteiras externas europeias, como da suspensão temporária do Espaço Schengen. Como se posicionam, a este respeito, os jornalistas que trabalham na área das migrações? Que argumentos ou condições de trabalho estão na base destes discursos? O corte no financiamento de reportagens no estrangeiro está a condicionar a forma como recebemos notícias de outras partes do mundo? Qual é o impacto das imagens apresentadas e dos discursos difundidos nos meios de comunicação na forma de pensarmos?
Com este encontro pretendemos dar continuidade e impulsionar a atividade do grupo - "Refugiados e Migrações: Iniciativas e Reflexões (RMIR)", que se formou no seguimento do interesse manifestado por vários investigadores/as da área das migrações em contribuir para um espaço de debate público.
O RMIR é constituído por um grupo de investigadores/as de várias áreas das ciências sociais e humanidades que, no passado, já intervieram em diversas iniciativas: tomada de posição pública no Le Monde Diplomatique (ed. Portuguesa), organização, em Novembro último, do workshop intitulado "Refugiados e emergências na habitação" e realização, em maio de 2015, do debate "A crise do Mediterrâneo é de toda a gente!".
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