Lisboa, 27 jun (Lusa) - Os ministros das Finanças dos países da Comunidade
de Língua Portuguesa (CPLP) reúnem-se domingo e segunda-feira para debater
estratégias conjuntas para responder aos efeitos da crise, mas há países que
até se beneficiam com a recessão econômica mundial.
"Verdadeiramente, não sofremos com a crise", assume à Agência Lusa a
ministra das Finanças do Timor Leste, Emília Pires, que explica que, uma vez
que o país importa mais do que exporta, até "beneficia com a queda dos
preços das matérias-primas". A previsão de crescimento econômico feita
pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), aliás, mostra bem o desenvolvimento:
7,2% este ano e 7,9% em 2010.
Esta é, no entanto, a exceção à regra. Os governantes que chegam a Lisboa este
fibal de semana para participar na Primeira Reunião dos Ministros das Finanças
da CPLP trazem na bagagem situações bem diferentes: Portugal e Brasil não devem
escapar à recessão, este ano, enquanto os restantes (Angola, Cabo Verde, São
Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau, Moçambique e Timor Leste) apenas abrandam o
crescimento. O FMI, aliás, prevê que em 2010 quase todas as economias acelerem
o crescimento econômico.
"A crise financeira mundial terá apenas como consequência um fraco
crescimento, mas não vai fazer o país entrar em recessão", analisa à Lusa
o diretor do Centro de Estudos e Investigação Científica da Católica de Luanda,
Alves da Rocha.
Cabo Verde, por sua vez, espera continuar a crescer apesar da crise, mas a
ministra da Economia assume que o pais "foi afetado sobretudo no setor do
turismo". Segundo as previsões do FMI, Cabo Verde crescerá 2,5% e 3% em
2009 e 2010.
Mais vulnerável está a Guiné-Bissau, a braços com a redução das transferências
dos emigrantes e com a diminuição da ajuda internacional. À Lusa, o ministro
das Finanças, Mário Vaz, é claro no discurso: "Um dos grandes problemas
que temos é a redução das remessas da diáspora, por causa da crise". O
outro, acrescenta, é a redução nas ajudas financeiras internacionais.
Moçambique, diz o FMI, está mais resistente, mas ainda assim é afetado. O
ministro da Indústria e do Comércio, António Fernando, assume que "há uma
retração dos investimentos estrangeiros por causa da crise", mas a
preparação para a crise deu resultados. A primeira-ministra, Luísa Diogo,
cortou nas regalias dos governantes e reduziu as viagens oficiais dentro e fora
do país. "Tomamos um conjunto de medidas para mitigar os efeitos da crise,
nomeadamente no corte das despesas correntes", destaca a
primeira-ministra.
Apesar do crescimento de 5% neste ano e de 6% no próximo, prevê o FMI, o
Governo de São Tomé e Príncipe não esconde as dificuldades: "A situação de
crise econômica, financeira e social complexa e prolongada que o país vive
agravou-se com a crise financeira mundial", diz o primeiro-ministro daquele
país.
A escolha de prioridades foi, por isso, uma tarefa assumida publicamente.
"Não podemos prometer tudo a todos, por isso escolhemos como prioridades a
segurança alimentar e água, a energia e as infra-estruturas", diz o
primeiro-ministro, concluindo que a principal tarefa é "identificar uma
estratégia que tire partido do potencial geoestratégico do país".
Agência Lusa, aqui, acedido em 02 de Julho de 2009.