Há os que garantem apoiar
Chui Sai On , os que dizem que estiveram fora de Macau quando o ex-secretário
andou a recolher assinaturas para o boletim de propositura e os que estão
contra o sistema de eleição para o Chefe do Executivo. No (limitado) grupo dos
catorze membros do colégio eleitoral que não nomearam o antigo governante como
candidato a sucessor de Edmund Ho poderá haver várias tendências de voto - há
quem admita vir a votar em branco por não ter tido direito a escolher.
O sector industrial, comercial e financeiro foi o campeão (à escala dos catorze
que sobraram dos esmagadores 286 membros do colégio que nomearam Chui Sai On)
das assinaturas ausentes: foram seis os empresários que não deram o nome, entre
os quais se destaca Tam Pak Yip, um dos vice-presidentes da Associação
Industrial de Macau, e Ho Pui Fan, da Associação Comercial de Macau. Segue-se o
subsector profissional com quatro omissões (Wong Cheong Nam, Lam In Nie, Kuan
Su Kun e Chang Chin Man), mas os nomes mais sonantes surgem no campo político -
Stanley Au, representante de Macau no Comité Nacional da Conferência Consultiva
Política do Povo Chinês e proprietário do Banco Delta Ásia, e o deputado Pereira
Coutinho não subscreveram a candidatura de Chui Sai On.
Apesar de ex-secretário ter recolhido a grande maioria dos apoios dos 25
representantes da comunidade portuguesa no colégio eleitoral, também Rita
Santos, coordenadora do gabinete de apoio do Secretariado Permanente para a
Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua
Portuguesa, que entrou no comité pelo subsector do trabalho, não assinou a
propositura. Porém, a número dois na lista de Coutinho à Assembleia
Legislativa, avançou ao jornal Va Kio que apoiava o único candidato a Chefe do
Executivo.
A mesma garantia é dada pela empresária Ho Pui Fan que disse estar, "por
coincidência", fora de Macau quando o ex-secretário andou a recolher
assinaturas. A representante da Associação Comercial deixa apenas dos pedidos
ao próximo Chefe do Executivo: defender o interesse público e dar legitimidade
governativa à futura Administração. Também Tam Pak Yip se justifica com a
ausência do território mas escusa-se a indicar se apoia ou não Chui. "O voto é
secreto e este é um princípio que deve prevalecer no nosso sistema", adianta o
secretário geral da Caritas.
Os do contra
Paul Pun não subscreveu o pedido do ex-secretário por uma questão de filosofia
política: "Soube que Chui Sai On já tinha mais do que cinquenta assinaturas.
Queria que houvesse mais candidatos. Ninguém consegue perceber o que
aconteceu", observa. O responsável quer manter-se uma figura "neutra" durante o
processo eleitoral mas aponta o dedo ao sistema. "Eu sou um dos 300. Porque é
que a população não me pôde escolher? Porque é que não pode ser ‘um homem, um
voto'?! Porque é que só há um candidato? Não posso mudar as coisas mas pelo
menos, assim, digo o que penso", frisa. A corrida solitária do ex-secretário,
continua, definha o reconhecimento político. "As pessoas deviam gostar de ser
desafiadas", avança. "Um candidato deve obter mais projecção à medida que ganha
a batalha eleitoral: é durante a campanha que os candidatos explicam ao que
vão, debatem as questões sociais, e os eleitores podem fazer uma escolha",
acrescenta Wong Cheong Nam.
O ex-funcionário público também não concorda com o método de nomeação do Chefe
do Executivo e defende que devia haver limites: cem assinaturas no máximo por
cada candidato. "O actual sistema, em teoria, abre espaço a mais opções mas
Macau é mais retrógrado do que a China e prefere ter o mesmo número de
candidatos para os lugares disponíveis", contrapõe. E para Wong Cheong Nam o
ex-secretário não será a melhor opção, apesar de ser a única: "Estou
preocupado. Não sei como vai separar o cargo de Chefe do Executivo dos negócios
da família, embora ninguém escolha onde nasce. Quero que faça mais pela
construção de uma sociedade íntegra e que evite o conflito de interesses. Mas
parece que não tenho nenhuma forma de expressar as minhas dúvidas". Os pesos
estão na balança e Wong já terá feito uma escolha. "Estou a planear votar em
branco", avança.
Hoje Macau, aqui, acedido ema 02 de Julho de 2009.