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Eleições Europeias: Abstenção nas comunidades foi de 97,12 por cento
2009-06-22
Apurados os resultados das Eleições Europeias nos 71 consulados de Portugal no estrangeiro, confirmou-se o que se previa. À semelhança do cenário eleitoral em Portugal, foi elevada abstenção junto das comunidades portuguesas. Foram 97,12 por cento os portugueses residentes no estrangeiro que não compareceram às urnas entre 5 e 7 de Junho. Na França, onde reside a maior comunidade portuguesa na Europa, o número de eleitores que se deslocaram aos consulados não chegou a um por cento...

Apurados os resultados das Eleições Europeias nos 71 consulados de Portugal no estrangeiro, confirmou-se o que se previa. À semelhança do cenário eleitoral em Portugal, foi elevada abstenção junto das comunidades portuguesas. Foram 97,12 por cento os portugueses residentes no estrangeiro que não compareceram às urnas entre 5 e 7 de Junho. Na França, onde reside a maior comunidade portuguesa na Europa, o número de eleitores que se deslocaram aos consulados não chegou a um por cento...


Os resultados não foram desanimadores apenas em França. Noutros países onde residem importantes e numerosas comunidades portuguesas, o percentual não chegou sequer aos dez pontos.
Na Alemanha votaram 3,69 por cento dos portugueses inscritos nos cadernos eleitorais - ou seja, 425 eleitores de um universo de 11.520. Ainda na Europa, no Luxemburgo o número ficou-se nos 5,1 por cento, No Reino Unido votaram 3,4 por cento dos eleitores, enquanto na Suíça, os resultados registaram 5,36 de votantes e em Andorra, 5.99 por cento. A Bélgica, com 15,51 por cento de votantes e a Dinamarca, com 25,3 por cento registaram os maiores percentuais. Falamos de comunidades com 2.430 e 166 eleitores inscritos, respectivamente.

Fora da Europa agrava abstenção - António Braga

Para o secretário de Estado das Comunidades, a abstenção dos emigrantes nas Europeias, pode ter sido agravada pelo facto de os portugueses de fora da Europa terem votado pela primeira vez.
"Pela primeira vez, os portugueses que vivem fora da Europa votaram para o Parlamento Europeu e, provavelmente, isso também pode ter ajudado a que o fenómeno (da abstenção), que é repetido e verificado em Portugal, também possa ter acontecido no estrangeiro", disse António Braga citado pela Lusa.
António Braga destacou ainda o facto de vários luso-descendentes terem integrado listas ao Parlamento Europeu e a eleições autárquicas que decorreram em simultâneo em vários países, sublinhando tratar-se de um sinal de "integração e assunção plena dos seus direitos".
O secretário de Estado garantiu que por parte do Estado e das instituições, "tudo foi feito, quer na criação de condições, quer na divulgação para que o voto fosse realizado". Nas eleições europeias de 7 de Junho (nos consulados, as eleições decorreram em três dias, entre 5 e 7 de Junho) votaram, pela primeira vez presencialmente, todos os emigrantes portugueses.
Anteriormente, apenas os emigrantes residentes na Europa podiam eleger deputados europeus através de votação por correspondência.
O conselheiro das Comunidades na Bélgica, avança que a "falta de interesse político", poderá ser uma das razões para a larga abstenção junto dos portugueses no estrangeiro. Mas Pedro Rupio considera que "pouco foi feito para incentivar a participação e o interesse destes últimos a nível global".
"Raramente se votou tão pouco na Diáspora. Certo que as eleições europeias costumam atrair pouca gente às urnas mas não há dúvida que o resultado das votações nas comunidades foi fraquíssimo", acrescenta o conselheiro, que considera primordial "haver uma postura diferente por parte do Governo, implementando finalmente acções concretas em prol da participação cívica das comunidades portuguesas".

Abstenção no Brasil

No continente americano, foi na Argentina que se registou o maior número de votantes, 11,56 por cento - num universo de 1.254 eleitores, votaram 145. O Brasil, onde se regista o maior número de eleitores portugueses daquele continente - 53.295 - votaram 1.094.
Nos três consulados da região Nordeste do Brasil - Recife, Salvador e Fortaleza - "votaram apenas 122 eleitores", destaca o conselheiro José Miranda de Melo
"Não atingiram sequer 10 por cento dos inscritos e aptos para votar", acrescenta o membro do CCP, que considera "muito preocupante" o alheamento "dos nossos cidadãos em relação aos assuntos políticos do nosso país".
"Temos de fazer um grande esforço no sentido de melhorar este quadro, mediante novos recenseamentos, em especial dos luso-descendentes, incentivo para que conheçam a realidade de Portugal e façam valer o seu direito de voto, participando de forma efectiva e responsável pelo futuro do nosso país", finaliza Miranda de Melo.
Dos cinco milhões de portugueses residentes no estrangeiro, cerca de 200 mil tinham capacidade de votação. Votaram 5555, de acordo com números  da  (DGAI). O maior número de votos foi contabilizado em Timor-Leste. Dos 186 inscritos no consulado em Díli, votaram 86, ou seja, 46,24 por cento.

A.G.P.

Mundo Português, aqui, acedido em 22 de Junho de 2009.

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