NEW BEDFORD - A cônsul do povo, conhecida pelo seu estilo acessível e simpático está prestes a deixar o seu posto - mas as amizades, memória e a ligação especial a SouthCoast e vice-versa irá permanecer.
A Cônsul de Portugal em New Bedford, Fernanda Coelho, irá regressar a Portugal em Agosto depois de ter completado quatro anos no seu posto.
Originalmente da cidade piscatória de Povoa de Varzim, e depois de servir cinco anos na embaixada de Portugal no Brasil, ela sentiu como se tivesse regressado a casa em New Bedford.
"O convívio com a comunidade fez-me sentir a convicção que não tinha vindo para os Estados Unidos mas tinha regressado a Portugal," disse Coelho. "É difícil uma pessoa não se sentir confortável aqui."
E o seu nível de conforto foi crescendo ao conhecer a comunidade.
"Tentei fazer uma aproximação serena e cautelosa porque acima de tudo queria respeitar as pessoas, a história das instituições que já aqui estão há muitos anos," disse Coelho. "Mas apesar de tudo houve uma empatia muito grande, nunca senti reservas de parte de ninguém."
Fernando Garcia, empresário e Comendador da Ordem do Infante D. Henrique, disse que ele e a comunidade partilhavam os mesmos sentimentos achando a cônsul "a mais simpática e atenciosa pessoa, tanto pessoal como profissionalmente."
"Ela ao deixar-nos está a quebrar o meu coração. Nunca tivemos uma relação tão atenciosa com uma autoridade pública," disse Garcia. "Ela é brilhante. Uma diplomata de primeira classe. Uma que se lembra das suas raízes e das pessoas e objectivos que representa. A cultura, as tradições, o orgulho, tudo o que é relacionado com as pessoas portuguesas numa terra estrangeira."
"A comunidade ainda não percebeu a falta que iremos encontrar," disse Garcia.
João Pacheco, membro do Conselho das Comunidades Portuguesas disse que a diplomata ira deixar a sua marca na SouthCoast.
"Ela fez um trabalho excelente, e é uma mulher que representa todas as classes sociais da comunidade," disse Pacheco. "A relação com a comunidade e Portugal através dela foi excelente. O que mais marca da sua presença, a maneira simples a personalidade, simples para com todos na comunidade, sem complexos de superioridade. Tratou todos de igual com muita honestidade e firmeza."
Coelho disse que houve muitos eventos e emoções sentidos por ela e pelo consulado. Desde a possibilidade do consulado fechar, às várias visitas de estado que incluíram o Presidente Cavaco Silva em 2007, a tragédia do fogo do Espírito Santo em Fall River a perca de vida de pescadores portugueses.
Ela disse que sentiu um grande apoio por parte das instituições políticas locais durante os períodos que a comunidade os necessitava.
"A sensação mais forte que levo comigo é que esta comunidade para além de estar muito integrada, respeita muito a sua herança cultural e tem muito orgulho das suas raízes, ganhou definitivamente o respeito das autoridades americanas," disse Coelho.
O representante estatal de New Bedford Antonio F.D. Cabral, disse que ela era admirável e agradável com quem trabalha.
"Ela realmente percebe a comunidade e realmente está disponível para que a comunidade seja representada a todos os níveis possíveis," disse Cabral. "Ela é acessível a toda a comunidade e tem boas relações com todos os políticos nesta área o que é importante."
A assistente do Cong. Barney Frank, Inês Gonçalves-Drole, disse que Coelho é "uma cônsul das mais especiais que tivemos."
"Ela é muito acessível e muito querida desta comunidade, realmente vamos estar tristes com a sua saída," disse Gonçalves-Drolet. "É um prestígio ter o consulado aqui em New Bedford e é necessário pois temos uma extensa comunidade Portuguesa aqui com muitas ligações a Portugal. Foi realmente um prazer a ver representar Portugal."
Ontem à noite, Coelho e o seu marido Luís Bernardo tiveram a oportunidade para dizer adeus à comunidade numa recepção realizada no Whaling Museum de New Bedford, em honra do Director-Geral dos Assuntos Consulares e Comunidades Portuguesas, Embaixador José Manuel da Costa Arsénio.
Coelho disse que para a futura Cônsul Graça Fonseca, New Bedford irá ser também o seu primeiro posto consular.
Ela acrescentou que ira ser difícil esquecer as pessoas que encontrou aqui e que terá uma ligação especial à região pois a sua filha mais nova nasceu cá.
A sua mensagem para a comunidade foi para continuarem o seu duplo esforço de integração e de vivência das suas tradições de origem, da participação activa no país onde estão inseridos sem nunca esquecer do orgulho imenso pela a sua história e pela sua cultura e raízes.
"Procurei, estar próxima das pessoas e estar aberta, ouvir, observar e relacionar o mais naturalmente possível com toda a gente. Tentei estar ao nível de qualquer cidadão português ou americano que precisasse dos serviços consulares... procurei ser o mais humana possível," disse Coelho.
O Jornal, aqui, acedido em 15 de Junho de 2009.