O episódio joga luz sobre um aspecto menos conhecido da história colonial portuguesa. No século 19, Portugal especializou-se em “criar gado humano”, “a principalíssima indústria portuguesa de exportação” segundo o historiador Oliveira Martins (1845-1894).
Hoje, o quadro mudou bastante e o imigrante português deixou de morar em favelas para fazer parte da classe média europeia, mas a emigração continua sendo um barômetro do bem estar nacional: no auge da crise financeira, em 2011, o governo do Primeiro Ministro Pedro Passos Coelho conclamou os portugueses a emigrar, para mitigar o desemprego e gerar renda com as remessas para suas famílias.
Dos cerca de 30 milhões de portugueses espalhados pelo mundo (perto de um terço reside no Brasil), o contigente da França é o que mais alimenta o imaginário português.
A vida dos “emigras” na França é contada no filme “A Gaiola Dourada” de Ruben Alves (2013), espécie de versão portuguesa do “A Que Horas Ela Volta” de Ana Muylaert (2015): uma comédia subversiva que aborda um tema sensível e fundamental para a compreensão da identidade nacional.
Pacatos, brancos e católicos, os emigras portugueses estão perfeitamente integrados na paisagem francesa: cada bairro tem o seu boteco português, onde fazem pausa aqueles que tocam o dia a dia da cidade: porteiros, faxineiros, encanadores. Religiosamente, eles se reúnem aos domingos em certos cafés e centros comunitários para assistir os clássicos entre Porto, Benfica e Sporting de Lisboa.
Esses lugares estarão especialmente lotados neste domingo. Uma final França-Portugal é o jogo da vida de um emigra, ainda mais quando cinco dos titulares prováveis são portugueses nascidos na França ou franceses de origem portuguesa.
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