O antigo jornal diário iniciou a sua publicação a 25 de Janeiro de 1919, na
altura chamando-se Alvorada, e mudou de nome em 1927 para Diário de Notícias.
Durante décadas, foi o único jornal português criado e publicado nos
Estados Unidos, chegando a circular por todo o país até 1973, altura em
que o seu dono, João Rocha, se reformou.
Agora, mais de 84 mil
páginas desde que o jornal foi criado em 1919 estão disponíveis num
arquivo digital criado pelo Centro de Dartmouth para Estudos e Cultura
Portuguesa, da Universidade de Massachusetts, no que é considerado o
maior esforço para preservar um jornal étnico.
"A razão pela
qual este jornal se tornou uma obsessão para mim foi porque se trata do
documento mais importante da História portuguesa-americana,
particularmente no Massachusetts e em Rhode Island", afirmou Frank
Sousa, do Centro de Dartmouth para Estudos e Cultura Portuguesa.
Guilherme
Luiz, o empresário que comprou o jornal em 1919, na altura um semanário
que transformou em diário publicado de segunda a sábado, chegou por
volta de 1880, na segunda vaga de emigrantes que foi para os EUA
procurar trabalho na indústria têxtil.
O jornal serviu, no
início, a comunidade portuguesa concentrada no Sudeste de Massachusetts
e Rhode Island, que continua a ser a maior nos EUA, alargando a
circulação a todo o país via correios.
Os correspondentes do
jornal acompanhavam as comunidades portuguesas na Califórnia, Nova
Iorque, Long Island, Nova Jérsia, Connecticut, Rhode Island.
Segundo
Frank Sousa, entre 1932 e 1968, quando Oliveira Salazar estave à frente
do Governo português, a censura aplicada aos jornais em Portugal não
chegou a este jornal de New Bedford, que teve espaço para debate entre
apoiantes e críticos do regime, chegando mesmo a empregar vários
jornalistas exilados.
O jornal foi então banido em Portugal
devido à sua cobertura politica, explicou Manuel Calado, que foi editor
do jornal, que "era contra a ditadura", entre a década de 50 e o fecho
em 1973.
Após a doença daquele que se tornou o dono da
publicação a partir de 1940, João Rocha, o jornal acabou por fechar,
tendo como sucessores O Jornal e o Portugueses Times.
A
Universidade de Massachusetts herdou então os arquivos, que estavam em
avançada fase de deterioração, que agora digitalizou numa operação que
custou mais de 130 mil dólares, desembolsados por várias entidades,
entre elas a Região Autónoma dos Açores.
Frank Sousa contou
ainda que, pouco após o inicio da disponibilização do arquivo, recebeu
um e-mail do presidente da Região Autónoma dos Açores, Carlos César, a
dizer que esteve horas a pesquisar, procurando histórias de amigos e
familiares que emigraram para os Estados Unidos.
Jornal Público, aqui, acedido em 14 de Maio de 2009