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“Pergunto: como é que se pode confiar num banco?”
2016-06-09
Está corroído pela ira o terceiro e último capítulo da investigação SIC aos pecados capitais do Banif, que é emitido esta terça-feira. A angústia dos lesados revela que os mesmos que ajudaram, um dia, ao crescimento meteórico do banco, estão a ser os primeiros a sofrer os impactos de tamanha implosão

Nao houve, em tempo algum, quem desconfiasse que aquele homem humilde teria algo mais do que a pequena mercearia em Vila Franca do Campo, nos Açores. Mas Artur Arruda conseguira juntar, ao longo de 40 anos de trabalho, cerca de meio milhão de euros.

Uma fortuna que manteve em segredo. Da vila inteira e da própria família. Preferiu proteger o dinheiro da inveja alheia ou de eventuais tentações e confiou parte da vida ao Banif. Perdeu tudo com a queda do banco. "Nunca vi a sombra daquele dinheiro. Sempre pensei que estava lá para o resto da minha vida", desabafa.

Era como um castelo de precioso papel que ergueu a custo e que gostava de admirar à distância. Nem o filho teve a oportunidade de o contemplar. Muito menos desfrutar. "Preferia que ele lutasse pela vida e não andasse à sombra do pai. E estava a ver quando amadurecia."

Está arrependido, admite. Prefere hoje aconselhá-lo a gozar a vida. Porque sacrifício e trabalho, sabe-o agora, podem ser a garantia de coisa nenhuma. Até mesmo para quem começou a "trabalhar duro e forte" aos 17 anos. "Nunca soube o que era uma boîte, não frequentava um café", lembra.

 

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