As fotografias antigas parecem falar. Quando olhamos as imagens, a preto-e-branco, da chegada de Armando Rodrigues de Sá, carpinteiro de 39 anos, à estação de comboios de Colónia-Deutz, vemos o seu olhar surpreendido. Estávamos no dia 13 de setembro de 1964, centenas de portugueses e espanhóis viajavam num comboio para a Alemanha.
Eram “trabalhadores convidados”, uma expressão que escondia o facto de serem imigrantes com contrato a termo: o governo de Bona não queria que eles ficassem a viver na Alemanha, apenas que contribuíssem durante uns anos para o esforço de reconstrução do país. “Trabalhavam em condições muito piores que os trabalhadores alemães. Viviam em grupos de cinco em habitações precárias, construídas normalmente perto das fábricas em que iam laborar e, ao contrário dos operadores locais, não conheciam a língua e muito menos os seus direitos”, revela a jovem historiadora alemã Svenja Lander.
Mas não nos adiantemos à história. Armando de Sá, português e natural de Vale de Madeiros, desembarca nessa manhã de há 50 anos na estação de Colónia e vê um estranho aparato, com muita gente e alguma polícia. Na aparelhagem sonora ouve o seu nome e entra quase em pânico. “O meu avó, quando ouviu o nome dele e o pedido para se dirigir a um local da estação, ficou cheio de medo, pensou que era a PIDE para o prender”, conta o neto, António de Sá. Não se tratava de uma prisão. Armando Rodrigues de Sá era o “trabalhador convidado” número um milhão.
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