"É uma história sobre pessoas que não estamos habituados a ver nos filmes e sobre duras condições de trabalho. São as trajetórias de quatro pessoas, as suas ilusões e desilusões, num país que não é o seu".
Alguns dias depois de terem visto a película ser selecionada para o Luxembourg Film Festival, e prestes a vê-la estrear nas salas de cinema luxemburguesas, é assim que Rui Eduardo Abreu, Thierry Besseling e Loïc Tanson descrevem «ElDorado», o seu mais recente projeto.
Tendo como tema central a dinâmica da imigração portuguesa no Luxemburgo, o documentário - que tem estreia agendada para 16 de março - segue, ao longo de um período de três anos, o percurso de quatro emigrantes portugueses recém-chegados ao país: Fernando, um português de meia idade, que procura escapar à crise económica em Portugal; Carlos, um desempregado de longa duração e ex-presidiário, prestes a ser pai; Jonathan, um adolescente com dificuldades escolares e em busca da sua vocação; e Isabel, uma portuguesa com um passado de violência e que procura um novo começo. São estes os rostos das histórias que os três realizadores convidam a conhecer.
Uma temática que surge de forma bastante pessoal para cada um destes jovens cineastas. Thierry Besseling e Loïc Tanson, os dois realizadores luxemburgueses presentes no projeto, trabalham juntos há já cerca de sete anos, sendo criadores de várias curta-metragens sobre as dinâmicas da infância - os sonhos e memórias característicos dessa faixa etária.
Já Rui Eduardo Abreu, nascido em Portugal em 1981, estudou antropologia visual em Paris, seguido de um mestrado na École de Documentaire de Lussas, tendo trabalhado ainda na criação de audiovisuais para várias companhias de teatro parisienses, antes de participar naquele que é o primeiro trabalho conjunto dos três realizadores.
"Todos nós temos, de alguma forma, laços e ligações com esta comunidade de emigrantes. E isso torna (a experiência) diferente para mim, para o Loïc e para o Rui", revelou Thierry. Inicialmente, tinham previsto três curtos filmes de 30 minutos, mas acabaram por decidir reunir a pesquisa realizada por cada realizador, num único filme.
Ultrapassar clichés
«ElDorado» surge assim, como uma película de 83 minutos "com os pés no chão, bastante firmada na realidade" e um capítulo final mais subjetivo onde espetadores e personagens encontram uma "liberdade" nova.
Um documentário que pretende ultrapassar clichés e "falar de situações e questões reais" que nem sempre são fáceis de abordar.
"Muitas pessoas acreditam no Luxemburgo como o ElDorado, onde tudo é possível, e, no fundo, nós mostramos o outro lado - algo que algumas pessoas não querem ver e que acaba por afetar todos", explicam.
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