Macau, China, 17 Jun (Lusa) - Portugal "pode orgulhar-se" das condições deixadas em Macau e que permitiram também o grande desenvolvimento experimentado pela actual região administrativa especial chinesa nos últimos dez anos, afirma hoje o general Rocha Vieira.
Num balanço da sua primeira visita ao território, quase dez anos depois de ter deixado Macau como o último governador da administração portuguesa, Rocha Vieira garante não "tirar nenhum mérito" à administração chinesa liderada por Edmund Ho nestes primeiros dez anos, mas considera que Portugal deixou condições de futuro.
"Sem tirar nenhum mérito àquilo que durante os 10 anos foi feito, a verdade é que Portugal se pode orgulhar de ter deixado aqui condições - e não foram as criadas só nos últimos anos de transição, foi desde sempre - porque a maneira e o espírito de Macau, essa capacidade de absorver os outros, de entender os outros, de viver em harmonia e de ser um exemplo de entendimento é algo que é fruto de 400 anos de presença portuguesa", afirma.
Portugal deixou o território "em condições de poder acompanhar a globalização, a modernização, os desafios e de dar um salto qualitativo uma vez que integrado agora na Grande China desfruta de grandes oportunidades, principalmente quando a China se desenvolve a um ritmo de crescimento que toda a gente conhece", diz.
Rocha Vieira diz ter encontrado em Macau o retrato do que vinha ouvindo, vendo e lendo sobre o território, que, considera "entrou numa nova fase da sua vida e entrou bem".
"Internacionalizou-se ainda mais e fundamentalmente acho que adquiriu níveis de qualidade superiores com uma oferta na área turística diversificada, com uma capacidade de atracção de pessoas que têm Macau, hoje, como uma referência onde encontram sempre motivos para estar bem, de lazer, de cultura, de desporto e de jogo, naturalmente", refere.
Para o futuro, com o ex-secretário Fernando Chui Sai On como líder do Governo, Rocha Vieira vê uma linha de "continuidade, uma continuidade que já deu frutos e que vai continuar a tê-los com mais força", motivo que considera ser um factor de "confiança" para as pessoas.
O ex-governador constatou ainda de forma "muito agradável" o papel da comunidade portuguesa, das instituições portuguesas e da forma como os portugueses - uns que já estavam em Macau e outros que vieram depois da transição - continuam integrados na sociedade local.
"O espírito com que os portugueses hoje estão em Macau não é diferente do que estava antes e talvez com mais força e com mais energia", diz, considerando que Macau "continua a ser uma terra de oportunidades".
Quase dez anos depois de, com Jorge Sampaio, ter encerrado um conjunto de textos sobre a transição e algumas considerações sobre o futuro do território na "cápsula do tempo" - uma cápsula enterrada a um metro do chão em frente do local onde decorreram as cerimónias de transferência e que só será aberta a 18 de Dezembro de 2049 - Rocha Vieira tem motivos para acreditar que os textos que foram fechados "vão ser cumpridos".
Rocha Vieira seguiu hoje para Pequim para uma visita de seis dias, onde terá contactos oficiais com o embaixador de Portugal, com o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Gabinete dos Assuntos de Macau e Hong Kong e outras autoridades chinesas.
JCS.
Agência Lusa, aqui, acedido em 22 de Junho de 2009