Pretende-se estudar o movimento associativo português, numa perspetiva de longa duração, a partir do momento em que é dado impulso à saída de emigrantes para os países europeus. Identificar-se-ão as suas características, as suas dinâmicas e a sua complexidade, de forma a perceber porquê e de que forma as estruturas de apoio foram utilizadas pelas comunidades portuguesas no estrangeiro, em diferentes ciclos migratórios e nos contextos do exílio.
As estruturas de apoio foram para as comunidades portuguesas uma prática comum perante a ausência de um enquadramento e de uma proteção adequada oficial às necessidades dos emigrantes, sejam elas sociais, administrativas ou culturais e recreativas. Elas serviram também de sustento para o desenvolvimento de atividades ligadas à oposição ao regime ditatorial no estrangeiro, que pretendiam nomeadamente chegar a todas as comunidades.
Neste sentido, estas estruturas de solidariedade caracterizam-se pela sua diversidade e pela sua complexidade, inerentes às motivações que levam à sua criação e ao seu desenvolvimento (apoio social e administrativo, defesa dos direitos dos portugueses, consciencialização política, denúncia da ditadura portuguesa a nível internacional, atividades culturais, recreativas e desportivas, organização do ensino da língua portuguesa, manutenção dos laços com Portugal), ao perfil diverso dos membros da direção de cada estrutura (militantes, apolíticos, religiosos...), aos contextos político, económico, social e cultural do país de saída e dos países de chegada, e às políticas de e/imigração adoptadas.
Não se pretende circunscrever a análise do movimento associativo português ao caso francês, mas sim abranger outros países europeus onde existem comunidades portuguesas, tal como a Alemanha, a Bélgica, o Luxemburgo, a Holanda, a Suíça e a Espanha, de forma a confrontar a dinâmica associativa e evidenciar as similitudes e as diferenças entre os países.
Interessa perceber o processo evolutivo deste movimento associativo e resgatar a sua memória em cada um dos países referidos. Ter-se-ão igualmente em consideração momentos chave que possam ter tido particular incidência sobre o movimento associativo português no estrangeiro. Que impacto tiveram, por exemplo, entre outros, a instauração do regime ditatorial português - em 1933 -, as guerras (II Guerra Mundial, guerra colonial), a Revolução dos Cravos de 25 de Abril de 1974, o encerramento das portas à entrada de imigrantes em 1973-1974 ou a eleição de François Mitterrand em 1981?
Esta conferência pluridisciplinar propõe revisitar a e/imigração no âmbito do movimento associativo através dos seguintes eixos temáticos (lista não exaustiva):
- Actores/Protagonistas;
- Políticas de e/imigração;
- Controlo e vigilância;
- Motivações e objectivos (socioculturais, políticos, educativos...);
- Consciencialização cívica e política;
- Discursos e Representações.
Pretende-se que este seja um espaço de partilha e de debate entre investigadores, académicos e outros atores sociais ligados às questões da e/imigração.
As línguas aceites são o português, o inglês e o francês.
Calendarização:
Até 31 de Janeiro de 2016: data limite para o envio das propostas
Até 15 de Fevereiro de 2016: confirmação de aceitação da proposta.
Envio das propostas: Título, Resumo (máximo 500 palavras), breve CV (máximo uma página).
E-mail para envio das propostas: conferenciaassociativismos@gmail.com
Inscrições: 10€
Comissão organizadora:
Ana Sofia Ferreira (IHC-FCSH/UNL), Isabel Lopes Cardoso (CHAIA/Universidade de Évora e IHC-FCSH/UNL), João Madeira (IHC-FCSH/UNL), Susana Martins (IHC-FCSH/UNL), Yvette Santos (IHC-FCSH/UNL)