Com base numa amostra de 1.011 emigrantes com, pelo menos, o grau de licenciatura, o estudo concluiu que 54,2% são do sexo feminino, 60% estão na faixa dos 30 aos 39 anos e 58,5% são pessoas solteiras, sendo que, em termos de habilitações académicas, há 43% com mestrado, 35% com licenciatura/pós-graduação e 22% com doutoramento.
As conclusões do estudo, que se insere no projecto Bradramo - Brain Drain and Academic Mobility from Portugal to Europe (Êxodo de competências e mobilidade académica de Portugal para a Europa) e resulta do trabalho conjunto das Universidades de Coimbra, do Porto e de Lisboa, foram apresentadas hoje no seminário "A Emigração Portuguesa no Século XXI", que decorreu no Instituto Universitário de Lisboa, do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE).
"A área das ciências, matemática e informática, com 35%, é a mais representada entre a emigração portuguesa qualificada, tendo 80% dos inquiridos saído de Portugal no deflagrar da crise, contra apenas 15% que deixaram o país antes de 2007", revelou Rui Brites, metodólogo, momentos antes da sua intervenção, intitulada "A Emigração Portuguesa Qualificada na Europa: Principais Resultados".
De acordo com o investigador, os emigrantes portugueses qualificados escolhem como destino principal o Reino Unido, seguindo-se a Alemanha, a França e a Bélgica, sendo a realização profissional o principal móbil para sair do país, seguido das razões económicas.
Em termos de rendimento, enquanto em Portugal a maior parte dos inquiridos recebia até 1.000 euros, no estrangeiro a maior parte recebe de 1.000 a 3.000, "com cerca de 7% a 8% a receberem acima de 6.000 euros", assinalou Rui Brites, acrescentando que "mais de metade dos respondentes pensa ficar fora de Portugal mais de 10 anos".
Cerca de dois terços planeia permanecer no país onde está ou mudar para outro país europeu e só pondera regressar a Portugal por razões de carreira ou realização profissional, melhores salários ou pela ocorrência de uma mudança no contexto familiar, caso do nascimento de filhos ou da doença de um familiar.
Rui Brites assinalou ainda que "o grau de satisfação com a vida e a felicidade, numa escala de 0 a 10, atinge valores superiores a 8 entre os emigrantes qualificados portugueses, o que, na Europa, apenas costuma surgir nos países escandinavos, já que a a média em Portugal ronda os 6,4 a 6,6".
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