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Portugueses saem de Angola: a salvação já não é aqui
2015-12-07
No colégio de Sofia metade dos alunos portugueses saiu. As empresas não têm como pagar os ordenados e até no Facebook se tentam trocar kwanzas por dólares ou euros. Quem não pode mais, volta.

Sofia Ferreira está em Angola há quase cinco anos. Vive em Viana, a cerca de 20 quilómetros de Luanda, onde é educadora num colégio que a própria criou. "Quando abri o colégio a maioria dos alunos eram portugueses. Hoje, a maioria são angolanos. O nosso ano letivo reabre, tal como em Portugal, em setembro. Mantivemos muitos dos alunos portugueses inscritos até aí, mas de setembro até agora muitos deles foram embora."

126.356

Em 2013 eram 115.595 os portugueses registados nos consulados portugueses em Angola. Em 2014 esse número subiu para os 126.356.

Por outro lado, se em 2009 entraram 23.787 portugueses em Angola, em 2014 foram somente 5.098. Antes, em 2013, tinham sido um pouco menos: 4.651.

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Muitos dos pais destes alunos trabalhavam na construção civil, a maioria deles em construtoras portuguesas, como a Somage, Mota-Engil, Teixeira Duarte ou Soares da Costa, garante Sofia. "Mas como as obras públicas do Estado angolano pararam, as empresas tiveram que dispensar trabalhadores, outros têm salários em atraso. E vão regressando." Mesmo os que continuam empregados também partem. "A maior parte dos trabalhadores portugueses em Angola e que trabalharam, por exemplo, em empresas portuguesas e de construção civil, tinham o ordenado depositado diretamente em Portugal, em euros, e as ajudas de custo, na alimentação, no alojamento, eram pagas em kwanzas em Angola. Agora é tudo pago em kwanzas. E por norma a transferências demora uns dois meses a ser feita. Às vezes mais, dependendo dos bancos. E essa espera não é compensadora."

 

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