O recrutamento estrangeiro em Portugal é determinante para os enfermeiros portugueses emigrarem. Se os recrutadores não viessem cá oferecer emprego, "seria provável que uma parte significativa dos que decidiram emigrar tivessem ficado em Portugal, desempregados ou a trabalhar noutra área", observa a investigadora Cláudia Pereira no livro Vidas Partidas - Enfermeiros Portugueses no Estrangeiro.
As ofertas de emprego são tão variadas que permitem aos enfermeiros escolher o país de destino. "Eu tinha um panorama de ofertas de trabalho para diversos países europeus, quer de língua inglesa, quer de língua francófona. Esta situação deixava-me completamente fora de mim: como é que há tanta falta de enfermeiros nestes sítios e como é possível pagarem estes ordenados e estas condições?", pergunta Nuno, 28 anos, enfermeiro em Inglaterra, um dos entrevistados pela investigadora.
Mas esta realidade é recente. Recuando uma década, em 2005, apenas 15 enfermeiros portugueses foram trabalhar para o Reino Unido. No ano passado foram 1286. Desde 2012, os enfermeiros portugueses são a segunda principal nacionalidade estrangeira no país, logo a seguir aos espanhóis. Em conjunto com os espanhóis e os romenos, têm vindo a substituir os enfermeiros indianos e filipinos que predominavam no Reino Unido no início do século. Foram as restrições na política de imigração decretadas pelo conservador David Cameron que obrigaram os empregadores, sobretudo a partir de 2010, a reorientar os esforços de recrutamento para os países do Sul e do Leste da Europa.
É um movimento que não parece ter retorno. Os portugueses que chegam ao Reino Unido rapidamente percebem que a forma de trabalhar é diferente e que ali podem mesmo desempenhar algumas funções que em Portugal competem aos médicos. Por exemplo, os que se especializam em obstetrícia examinam as grávidas e, com alguma formação adicional, até podem prescrever alguns medicamentos.
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