Título Emigração clandestina para França. O concelho do Sabugal (1960–1974)
Autor Rui Miguel Amaral Paiva
Orientadora Maria João Vaz
Data 2015
Institutição Iscte, Lisboa
Grau Mestrado
Área História moderna e contemporânea
Palavras-chave Sabugal, contrabando, emigração clandestina, redes de emigração, França
URI http://hdl.handle.net/10071/10445
Resumo
A emigração é um fenómeno presente na vida social portuguesa, está enraizada, no tecido social português dir-se-ia que faz parte do ‘modo de estar’ da sociedade portuguesa. A emigração portuguesa para França na década de 60, início da década de 70 do século XX, chega a atingir cerca de um milhão de portugueses, com destino a França. O concelho do Sabugal, à semelhança de muitos outros concelhos raianos portugueses, foi também ele afetado, pela vaga de emigração. Na presente dissertação levou-se a cabo uma análise da emigração das décadas de 60 e 70 do século XX, no concelho do Sabugal, com destino a França. Deu-se especial enfoque aos motivos pelos quais o concelho do Sabugal reunia condições ideais para a atividade clandestina da emigração por via terrestre, bem como, a razão pela qual se tornou um dos concelhos mais afetados demograficamente na década de 60 do Séc. XX, investigando-se também, as potencialidades que a sua geografia raiana apresenta, para a travessia clandestina de emigrantes. Pela zona raiana do concelho escoaram-se não apenas os nativos das aldeias da raia sabugalense, mas também emigrantes vindos de todos os pontos do país, que por ali atravessavam ‘a salto’, usando os ‘serviços’ prestados por passadores sabugalenses experientes. A investigação assentou nas décadas de 60 e 70 do século XX, por se afigurarem como as mais dinâmicas em termos de emigração no concelho. As nossas conclusões apontam para a centralidade do concelho do Sabugal, no fenómeno da emigração clandestina, na época em estudo. Para além dos antecedentes históricos do concelho, nomeadamente a prática enraizada do contrabando, os laços de amizade entre as populações portuguesas e espanholas e por outro lado uma atuação pouco eficiente dos poderes públicos na repressão do fenómeno, situação que também se verificava à época em outras zonas raianas de Portugal, encontrámos no relevo e na hidrografia, um fator singular que não se verifica na maioria da zona raiana continental portuguesa, ‘a raia seca’, que apresentava e apresenta condições muito propicias, para a travessia dissimulada da zona fronteiriça entre Portugal e Espanha.