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Reino Unido: milhares de trabalhadores protestam
2009-02-01
Milhares de trabalhadores do sector da energia suspenderam sexta-feira o trabalho em protesto contra a contratação de trabalhadores estrangeiros, entre os quais portugueses e italianos, para um projecto de construção da refinaria Total.

Cerca de 700 empregados fizeram mesmo uma greve na sexta-feira, refinaria de Grangemouth, na Escócia, em protesto contra a decisão da construtora italiana IREM SpA de usar trabalhadores italianos e portugueses no projecto da refinaria da Total em Lindsey, no nordeste de Inglaterra, orçado em 200 milhões de libras (226 milhões de euros).

A polícia declarou que cerca de 400 trabalhadores e apoiantes estavam a fazer uma manifestação à porta de uma refinaria em Wilton, sob gestão da empresa suíça Petroplus, no Norte da Inglaterra. Cerca de 50 outras pessoas juntaram-se aos protestos numa central energética em Aberthaw, País de Gales.

Também havia protestos na central eléctrica de Kilroot, em Carrickfergus, Irlanda do Norte, e várias outras menores.

Os protestos reflectem a preocupação dos trabalhadores britânicos quanto ao aumento do desemprego no Reino Unido, agora nos 6,1 por cento. O medo também se instalou quanto à possibilidade de mais despedimentos, uma vez que a crise económica mundial está a afectar cada vez mais o Reino Unido.

"O protesto não é contra os trabalhadores estrangeiros, é contra as empresas estrangeiras que descriminam os trabalhadores britânicos", declarou Bobby Buirds, um dirigente sindical do Unite.

Os protestos - que reuniram mais de 1.000 pessoas - continuam na central de Lindsey, onde os trabalhadores suspenderam o trabalho na quarta-feira.

"Sou uma vítima, você é uma vítima, existem milhares neste país que são vítimas de discriminação, esta vitimização do trabalhador britânico", disse por seu turno o dirigente sindical local Kenny Ward.

"Queremos justiça. Queremos que os nossos membros tenham a oportunidade de ter um emprego, não apenas neste trabalho mas em todos os trabalhos, em todo o Reino Unido", acrescentou Bernard McAuley, outro dirigente regional do Unite.

De acordo com as regras da União Europeia, os trabalhadores italianos e portugueses têm o mesmo direito a trabalhar no Reino Unido que os cidadãos britânicos e vice-versa.

Mas o tema está a tornar-se cada vez mais sensível à medida que a economia britânica enfraquece.

Os dirigentes sindicais lembraram sexta-feira o primeiro-ministro Gordon Brown que, num discurso em 2007, este prometeu "Empregos britânicos para trabalhadores britânicos".

Um porta-voz de Brown disse que o contrato que está no centro da polémica foi acertado "há algum tempo, quanto havia uma falta de trabalhadores qualificados no sector da construção no Reino Unido".

"Agora esse já não é o caso pelo que vamos falar com os industriais nos próximos dias para ver se eles estão a fazer tudo o que podem para apoiar a economia britânica", disse a mesma fonte, que pediu anonimato.

Cerca de uma centena de trabalhadores italianos e portugueses estão agora a trabalhar no projecto, esperando-se um reforço de outros 300 mais tarde. A Total anunciou que ninguém foi despedido na central de Lindsey devido a esta medida.

Observatório do Algarve, aqui, acedido em 9 de Março de 2009.

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