Cerca de 700 empregados fizeram mesmo uma greve na sexta-feira, refinaria de Grangemouth, na Escócia, em protesto contra a decisão da construtora italiana IREM SpA de usar trabalhadores italianos e portugueses no projecto da refinaria da Total em Lindsey, no nordeste de Inglaterra, orçado em 200 milhões de libras (226 milhões de euros).
A polícia declarou que cerca de 400 trabalhadores e apoiantes estavam a fazer uma manifestação à porta de uma refinaria em Wilton, sob gestão da empresa suíça Petroplus, no Norte da Inglaterra. Cerca de 50 outras pessoas juntaram-se aos protestos numa central energética em Aberthaw, País de Gales.
Também havia protestos na central eléctrica de Kilroot, em Carrickfergus, Irlanda do Norte, e várias outras menores.
Os protestos reflectem a preocupação dos trabalhadores britânicos quanto ao aumento do desemprego no Reino Unido, agora nos 6,1 por cento. O medo também se instalou quanto à possibilidade de mais despedimentos, uma vez que a crise económica mundial está a afectar cada vez mais o Reino Unido.
"O protesto não é contra os trabalhadores estrangeiros, é contra as empresas estrangeiras que descriminam os trabalhadores britânicos", declarou Bobby Buirds, um dirigente sindical do Unite.
Os protestos - que reuniram mais de 1.000 pessoas - continuam na central de Lindsey, onde os trabalhadores suspenderam o trabalho na quarta-feira.
"Sou uma vítima, você é uma vítima, existem milhares neste país que são vítimas de discriminação, esta vitimização do trabalhador britânico", disse por seu turno o dirigente sindical local Kenny Ward.
"Queremos justiça. Queremos que os nossos membros tenham a oportunidade de ter um emprego, não apenas neste trabalho mas em todos os trabalhos, em todo o Reino Unido", acrescentou Bernard McAuley, outro dirigente regional do Unite.
De acordo com as regras da União Europeia, os trabalhadores italianos e portugueses têm o mesmo direito a trabalhar no Reino Unido que os cidadãos britânicos e vice-versa.
Mas o tema está a tornar-se cada vez mais sensível à medida que a economia britânica enfraquece.
Os dirigentes sindicais lembraram sexta-feira o primeiro-ministro Gordon Brown que, num discurso em 2007, este prometeu "Empregos britânicos para trabalhadores britânicos".
Um porta-voz de Brown disse que o contrato que está no centro da polémica foi acertado "há algum tempo, quanto havia uma falta de trabalhadores qualificados no sector da construção no Reino Unido".
"Agora esse já não é o caso pelo que vamos falar com os industriais nos próximos dias para ver se eles estão a fazer tudo o que podem para apoiar a economia britânica", disse a mesma fonte, que pediu anonimato.
Cerca de uma centena de trabalhadores italianos e portugueses estão agora a trabalhar no projecto, esperando-se um reforço de outros 300 mais tarde. A Total anunciou que ninguém foi despedido na central de Lindsey devido a esta medida.
Observatório do Algarve, aqui, acedido em 9 de Março de 2009.