Filipa Cerejeira percebeu que Angola estava em crise minutos depois de ter aterrado em Lisboa. Em Abril de 2013, pela primeira vez, a marketeer, de 30 anos, que vivia há dois em Luanda, não pôde trocar moeda angolana. "Havia traços vermelhos no lugar dos números. Agora, fora de Angola, os kwanzas parecem notas de monopólio", diz à SÁBADO. Nessa altura, os 40 mil kwanzas que ela queria trocar equivaliam a 340 euros. Hoje, valeriam menos 70 euros. Mesmo depois desse episódio, Filipa não ficou em apuros. É que, apesar de ser paga em kwanzas, não tem despesas fixas de grande valor em Portugal, como um crédito à habitação, por exemplo. Por isso, gere "com tranquilidade" os atrasos nas transferências internacionais, que, em alguns relatos ouvidos pela SÁBADO, chegam a ser de cinco meses. A situação está a obrigar muitos expatriados (os portugueses em Angola não usam a palavra emigrantes) a abandonar o país, 40 anos passados sobre a independência da ex-colónia, assinalada a 11 de Novembro.
É difícil dizer quantos estão a sair - nem existem dados fiáveis sobre os que lá vivem. O Ministério dos Negócios Estrangeiros disse à SÁBADO que há 124.838 inscrições activas nos consulados de Portugal em Angola e de Benguela, mas o consulado-geral de Angola em Lisboa não respondeu ao pedido da revista. O secretário de Estado das Comunidades, José Cesário, estima que o número não esteja muito distante deste: "Há vários que residem sem estar inscritos, mas também inscritos que já regressaram", explica.
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