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População portuguesa diminuiu em 2014 pelo quinto ano consecutivo
2015-10-30
Estatísticas demográficas do INE divulgadas nesta sexta-feira mostram que a queda não foi tão acentuada como a de 2013, mas mantém-se a tendência porque a emigração supera em muito a imigração. As mortes estão a diminuir mas continuam acima do número de nascimentos.

Em 2014, nasceram menos bebés do que em 2013 mas a queda não foi tão acentuada como nos últimos dois anos. Também morreram menos pessoas, mas mais do que as que nasceram. A população residente em Portugal continuou pois a diminuir, numa tendência constante desde 2010, também explicada pelo crescimento da emigração e os níveis mais baixos da imigração.

Com uma população estimada em 10.374.822, Portugal teve em 2014 menos 52.479 pessoas residentes do que em 2013, de acordo com as estatísticas demográficas publicadas esta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Também aqui, a tendência é a mesma dos últimos cinco anos: saíram mais pessoas para residir no estrangeiro e entraram menos imigrantes, tornando o saldo migratório negativo.

Em 2014, havia menos 245.676 pessoas, entre os 15 e os 64 anos, a viver em Portugal do que em 2009, e esse decréscimo é explicado, em parte, pela emigração. Também em cinco anos, em resultado dos baixos índices de natalidade, Portugal perdeu 128 mil crianças e jovens com menos de 14 anos: passaram de 1,62 milhões para 1,49 milhões.

Mais nascimentos, mas só em 2015

No quadro geral de declínio, o INE destaca, apesar de tudo, o aspecto positivo de a descida no número de nascimentos entre 2013 e 2014 ter sido menos acentuada do que a do ano anterior. "Já é positivo, denota efectivamente o atenuar de uma tendência", confirma a demógrafa Ana Fernandes, professora catedrática no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP) da Universidade de Lisboa.

Seja como for, o índice sintético de fecundidade - que representa o número médio de crianças nascidas por mulher em idade fértil - continua no nível muito baixo de 1,23, quando era de 1,35 em 2009 e 1,39 em 2010. 

Dados mais recentes sobre os nascimentos nos primeiros seis meses de 2015 mostram que nasceram mais 1500 bebés relativamente a igual período de 2014. Ana Fernandes, também socióloga, fala de um aumento que pode ser apenas conjuntural, "provocado pelo facto de ter havido uma contenção anterior" nos anos da crise económica mais profunda. "Este aumento de 1500 nascimentos pode ter apenas a ver com uma contenção do calendário da natalidade", diz a professora. Ou seja, serem bebés de pessoas que adiaram o nascimento de um filho, num momento de maior incerteza ou dificuldade. "Nada me diz se estamos numa tendência de um aumento da fecundidade."

Essa ligeira subida não consta nas estatísticas do INE sendo estas relativas a 2014, mas se se mantiver esse aumento no final do ano poder-se-á falar numa recuperação da natalidade, diz Ana Fernandes.

 

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