Os portugueses partem não só para fugir ao desemprego, à falta de alternativas e por "não verem futuro no país", mas também em busca de crescimento profissional, que nem sempre se traduz num aumento salarial significativo. O país, que recupera a condição de país de emigrantes, enfrenta algumas considerações: esta nova vaga de portugueses ainda não soube adaptar-se à condição de emigrante. Quem o aponta é Marta Rosales, antropóloga e docente na Universidade Nova de Lisboa, que fala de "uma dificuldade em estabelecer uma relação de emigrante" para os portugueses que saíram recentemente de Portugal. A declaração surge à margem de uma reflexão sobre a emigração e a relação com a sociedade portuguesa, numa conferência internacional que juntou investigadores e sociólogos de várias nacionalidades, esta sexta-feira, 23 de Outubro, na Fundação Calouste Gulbenkian. Uma das justificações, aponta a antropóloga, poderá assentar na "relação zangada destes novos emigrantes com o país de origem", em grande parte motivada pela crise económica e pelos níveis de desemprego, e que desenharam o novo fluxo de emigrantes a partir de 2010.
Para o Reino Unido, por exemplo, introduzido como "destino evidente da nova emigração portuguesa", 26% dos emigrantes portugueses inquiridos estavam desempregados quando saíram de Portugal. Destacando as diferenças registadas entre os inquéritos realizados online e os inquéritos realizados no terreno (sendo que os realizados online registam pessoas com qualificações académicas mais elevadas), José Carlos Marques, investigador do Núcleo de Estudos das Migrações sublinha que mais de 71,5% dos emigrantes portugueses no Reino Unido têm um diploma de ensino superior e integram esta "aceleração pós-crise que vale a pena destacar".
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