Vítor Rosa, coordenador-geral da SCMP, relatou dois exemplos de portugueses que a instituição ajudou recentemente em Paris, como um trabalhador que tinha ido para a Bélgica "com uma promessa de trabalho e de alojamento e quando chegou ao destino não tinha nem uma coisa nem outra" e outra pessoa que passou dois meses a trabalhar nas obras sem poder sair do local de trabalho.
"Escravidão moderna é, por exemplo, o indivíduo que esteve dois meses a trabalhar nas obras sem poder sair do espaço das obras. Ele estava completamente traumatizado. O patrão não o deixava sair e o homem trabalhava de manhã à noite, sem qualquer pagamento, dormindo nos estaleiros das obras", contou Vítor Rosa.
O português foi parar ao hospital e a Misericórdia de Paris ajudou-o com um intérprete, depois de ter sido solicitada pelo Consulado-Geral de Portugal em Paris, que "não tem meios para fazer face aos pedidos que tem", explicou Vítor Rosa.
"O que aparece [à Santa Casa] são situações de precariedade descomunal. Este caso de escravidão moderna foi dos primeiros. Pensei que estivéssemos longe dessa realidade mas acontece muito nas obras, em que as pessoas vêm sem contratos", continuou, acrescentando que também teve conhecimento de casos de sem-abrigo portugueses e lusodescendentes a viver nas ruas da capital francesa.
Vítor Rosa explicou, ainda, que a nova vaga de emigração "é muito heterogénea em termos de idades e de formações", havendo "pessoas letradas e iletradas" e "nem todos os que vêm com um canudo conseguem um trabalho compatível" até porque "muita gente chega aqui sem falar uma palavra de francês", abordando a Misericórdia de Paris para apoio à formação linguística.
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