Intitulado "O Manifesto dos 60", o documento conta com a assinatura de 60 personalidades da comunidade portuguesa em França, de sociólogos a escritores, professores, artistas e dirigentes associativos, entre outros.
A iniciativa subscreve o manifesto contra a privatização da TAP - "Não TAP os olhos" - lançado em dezembro pelo cineasta António-Pedro Vasconcelos e que já tinha sido subscrito pelo cantor Tony Carreira ou pelo realizador franco-português Ruben Alves.
"Temos toda a legitimidade para reivindicar a não privatização da TAP na medida em que Portugal também é nosso", disse à Lusa Cristina Semblano, copromotora do manifesto, acrescentando que "as empresas estratégicas da economia portuguesa fazem parte do património português" e que os emigrantes não estão "satisfeitos que [as empresas] sejam vendidas ao desbarato".
A economista e autarca na região parisiense, que vive em França há 43 anos, apontou o dedo à forma como o governo se está a desfazer da TAP: "Se vender a minha casa e se disser que a minha casa é má, que está mal situada, que tem manchas de humidade e vizinhos que fazem barulho, quem é que a vai comprar e por quanto?", questionou.
Manuel dos Santos, Presidente da Casa do Benfica em Paris, também é copromotor do manifesto e afirmou ter sempre utilizado a TAP, alertando que a privatização poderá levar os emigrantes portugueses a "ir para a concorrência".
"Portugal só tem uma companhia aérea. Penso que é o mínimo defender a TAP. Somos um país de trabalhadores, se fôssemos um bocadinho mais unidos, esta situação não tinha acontecido porque é simplesmente má gestão. É fácil dizer 'vamos privatizar isto e aquilo'. Só que poucas privatizações tiveram melhores resultados que o público. É um erro privatizar a TAP", afirmou à Lusa o português que reside em França há 47 anos.
Para Lurdes Rodrigues, funcionária consular a viver há 26 anos em França, a privatização da TAP é mais um sinal de que "o património e a riqueza que o país possa ter estão a sair" de Portugal, à imagem dos portugueses que emigram.
"Como portuguesa tenho o sentimento que há uma certa vontade de espoliar o nosso país do património que tem", resumiu, acrescentando que se a companhia for privatizada deixará de "defender os interesses do que é Portugal e os portugueses".
O grupo de emigrantes foi recebido pelo embaixador de Portugal em França, José Filipe Moraes Cabral, durante cerca de vinte minutos, mas este preferiu não prestar declarações no final do encontro.
O ministro da Economia, António Pires de Lima, anunciou esta semana que o contrato entre o Estado e o consórcio vencedor da privatização da TAP será assinado no dia 24 de junho.
Lusa
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