"Portugal não pode desperdiçar o imenso capital humano dos seus jovens. É essencial criarmos condições para atrair aqueles que, por diversos motivos, optaram por fixar-se no estrangeiro", afirmou o chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva, na abertura da IV conferência internacional "Roteiros do Futuro", que decorre até sábado na Fundação Champalimaud, em Lisboa.
Sublinhando que é agora, enquanto os laços destes jovens com o seu país se mantêm vivos, que se deve fazer um esforço acrescido para o seu regresso, Cavaco Silva alertou que, caso nada seja feito, Portugal perderá duplamente.
Por um lado, referiu, perde-se o investimento feito na formação de "uma geração de excelência". Por outro, o país perde o contributo desses jovens para, com "o seu talento e a sua iniciativa", ajudar ao regresso a uma trajetória sustentável de crescimento económico e de criação de emprego e riqueza.
Elegendo como uma das funções primordiais do presidente da República a tarefa de "apontar caminhos de futuro, lançar sementes para que os agentes políticos e a sociedade civil estejam mais atentos aos problemas que nos irão afetar numa perspetiva de médio e longo prazo", Cavaco Silva reiterou também a sua recusa em entrar nas controvérsias que marcam a luta política.
"No nosso sistema político-constitucional, o presidente da República deve revelar independência perante as controvérsias que marcam o quotidiano da luta política, as quais têm um tempo e um lugar próprios em todas as democracias, mas que correm o risco de concentrar-se em aspetos acessórios ou efémeros da realidade, perdendo de vista uma abordagem serena e desapaixonada das questões que irão verdadeiramente condicionar as novas gerações e o futuro de Portugal", disse.
Na sua intervenção, em que renovou a confiança no futuro de Portugal e a esperança na juventude, o chefe de Estado recordou as iniciativas que foi promovendo ao longo dos últimos nove anos relacionadas com os jovens, notando que serão eles que terão de se confrontar com os efeitos da quebra de natalidade, com o papel que Portugal assumirá na Europa e no mundo, com as exigências de uma democracia de qualidade.
"São eles os construtores da esperança dos portugueses na edificação de uma sociedade mais avançada, mais desenvolvida, mais justa e mais fraterna", frisou.
Contudo, ressalvou, a juventude, além de um tempo de vida, representa uma parcela significativa da sociedade, com problemas específicos e aspirações legítimas, às quais deve ser dada resposta.
"Para as ambições dos jovens exige-se respostas concretas, visíveis. Com meras palavras, por mais bonitas que estas sejam, não se resolvem os problemas dos Portugueses. Como dizia Florbela Espanca, ?palavras são como as cantigas: leva-as o vento'", sublinhou.
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