"Estão a perder-se as tradições portuguesas, porque não transmitimos aos nossos filhos aquilo que é a cultura portuguesa", disse. Coronel da Força Aérea Venezuelana e magistrado do Tribunal Militar da Venezuela, Edalberto Contreras Correas falou à Agência Lusa domingo, em Charallave, após uma cerimónia em que foi distinguido pela Câmara Municipal de Cristóbal Rojas, numa sessão especial destinada a assinalar o Dia de Portugal.
"Nós (portugueses), parece que estamos na Venezuela só para trabalhar. É trabalho, trabalho e mais trabalho. Em Ocumare del Tuy há um centro luso-venezuelano onde fazemos actos culturais que são frequentados apenas por quatro, cinco ou seis portugueses, porque só pensam em trabalhar inclusive aos sábados e domingos", disse.
Edalberto Contreras Correas defendeu ser importante que os luso-descendentes "aprendam as raízes culturais, saibam quem foi (Luís Vaz de) Camões". "Se perguntar ao meu filho quem é Camões ele não sabe, é hora de ver as coisas doutra maneira", explicou. Segundo Edalberto Contreras Correas "a literatura e a cultura portuguesas não são suficientemente conhecidas na Venezuela, agora conhecemos o (José) Saramago, prémio Nobel da literatura, mas não Camões, um gigante da literatura, da época medieval, da época do renascimento".
No seu entender, o Estado português deveria aproveitar as boas relações com a Venezuela para promover a cultura neste país, onde "há institutos que ensinam português para que os rapazes saibam falar a língua portuguesa, mas não com profundidade, não aprendem sobre Camões, Antero de Quental, Fernando Pessoa, Eça de Queiroz".
Filho de emigrantes naturais de Loulé, Edalberto Contreras Correa nasceu na cidade venezuelana de Puerto Cabello em 1955.
Oje/Lusa, aqui, acedido em 15 de Junho de 2009.