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Universidade de Toronto quer incentivar jovens lusodescendentes a continuarem os estudos
2015-05-10
A Associação Portuguesa da Universidade de Toronto, com 31 anos de existência, incentivar os jovens lusodescendentes no Canadá para que prossigam os estudos após o ensino secundário.

"Vamos às escolas e mostramos-lhes como é a vida dos estudantes na universidade, como são os cursos e a cultura portuguesa. Explicamos-lhes que não é assim tão difícil e que pode ser fácil para eles aprenderam algo mais sobre a língua portuguesa", disse à agência Lusa Maurícia Silva, da Associação Portuguesa da Universidade de Toronto, durante o Jantar de Gala da Entrega de Bolsas de Estudo a jovens lusodescendentes, que decorreu no sábado à noite, em Toronto.

Segundo aquela dirigente, "muitos dos estudantes já nasceram no Canadá e assim podem aprender a língua portuguesa".

A Associação Portuguesa da Universidade de Toronto atribuiu no sábado oito bolsas de estudo no valor de 500 e 1.000 dólares canadianos (368 e 737 euros) a oito alunos lusodescendentes: Isabela Sousa e Kaitlynn Merrese (Outreach), Jacqueline Veras e Justin Raposo (Lusogolf), Paulo Pereira (Cirv Fm), Vanessa Machado e Emma Amaral (In-Course).

Paulo Pereira, de 20 anos, filho de emigrantes do Minho, um dos alunos distinguidos lamentou o facto de existir na comunidade portuguesa uma "tendência de os alunos não concluírem o ensino secundário".

Paulo Pereira pretende dedicar-se à política, mas reconheceu que tem pela frente muito trabalho. Para conseguir prosseguir os estudos, o jovem lusodescendente teve de ir trabalhar para a construção civil, dado o elevado custo do ensino superior no Canadá.

"Para o ano tenho uma propina de quase 26 mil dólares. O curso é caro, e qualquer bolsa ajuda um aluno. Vai-me ajudar a prosseguir a minha carreira e planear o meu futuro", frisou.

A bolsa de estudo é também um "fator de motivação" para Emma Amaro, de 21 anos, filha de emigrantes de S. Miguel (Açores), a frequentar o quarto ano de psicologia, biologia e português.

"Vai-me ajudar bastante no meu quinto ano porque tenho muitas despesas. Tenho que comprar muitos livros e fazer muitos requerimentos que são dispendiosos. Gasto cerca de 11 mil dólares (oito mil euros) por ano. Trabalho em part-time ao fim de semana para poder financiar os estudos, e assim posso-me dedicar mais ao curso", afirmou.

A presidente cessante da Associação Portuguesa da Universidade de Toronto, Vanessa Pontes, paga por ano sete mil dólares (cinco mil euros), daí o reconhecimento às bolsas de estudo entregues, um instrumento que "dá muito jeito para reduzir o custo do curso", lançando também o repto aos alunos lusodescendentes para que tenham uma maior adesão ao ensino superior.

"Os portugueses são bons alunos, mas são poucos, não há muitos. Não sei porque é tão difícil ingressarem na universidade", questionou.

A Universidade de Toronto tem cerca de 70 mil alunos e entre 150 e 200 frequentam o departamento de português, um curso que já existe desde 1947 naquela instituição de ensino.

A professora Manuela Marujo, diretora associada do Departamento de Espanhol e Português, na Universidade de Toronto há trinta anos, explicou que tenta sempre "incentivar os alunos" a adirem à associação e ao português.

"Sempre que os alunos vão às minhas aulas, incentivo-os a juntarem-se ao grupo (da associação) porque têm sempre outras atividades fora da universidade em que podem praticar o português. E mesmo que não saibam falar português, podem sempre aprender algo sobre a nossa cultura. A associação é uma boa maneira de fazer a ponte", salientou a docente.

A Associação Portuguesa da Universidade de Toronto conta com cerca de 50 membros ativos e a nova presidente, Catarina Raquel Gomes, que tomou posse no sábado, prometeu dar continuidade ao trabalho, aumentando o número de associados.

"Pretendo envolver a associação mais com a comunidade, aumentando o número de elementos, continuando a incentivar os alunos da primária e secundária a frequentarem a universidade, e claro, a entrega das bolsas de estudo é vital", prometeu a filha de emigrantes de Leiria, no segundo ano de História da Música.

 

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