A fuga de cérebros refere-se à transferência de capital humano com elevados níveis de educação e competências dos países menos desenvolvidos para os países mais desenvolvidos. A saída de profissionais altamente qualificados limita deste modo a rentabilização dos investimentos educativos realizados, criando condições favoráveis a sua reutilização pelos países mais desenvolvidos.A emigração qualificada tem sido analisada segundo dois modelos contrastantes: por um lado, o modelo do êxodo põe em primeiro plano a ideia de que os mais competentes se veem obrigados a um exílio que lhes permita obter um posto de trabalho e uma remuneração correspondentes à sua formação; por outro lado, o modelo da diáspora sublinha os benefícios mútuos retirados das trocas interculturais abertas pela circulação de saberes promovida pelas elites académicas, científicas e culturais cosmopolitas. Sendo Portugal um dos países europeus com maior emissão de emigrantes qualificados, este é um debate que atravessa atualmente a sociedade portuguesa. A conferência visa aprofundá-lo de modo informado, tornando públicos os resultados de um projeto financiado pela FCT* que analisou a fuga de cérebros em Portugal nos últimos anos. Fazemo-lo a partir dos grandes números e das biografias de portugueses que emigraram para a Europa na última década. No primeiro caso, damos a conhecer as respostas a um questionário administrado em 2014 a mais de 1000 portugueses qualificados que optaram nos últimos anos pela emigração no espaço europeu. Quais os fatores que afetam as decisões de migração? Quais os modos de integração no mercado de trabalho europeu? Quais as expectativas de regresso? Estas são algumas das perguntas que vimos respondidasNo segundo caso, partilhamos os percursos biográficos de mais de 50 portugueses que escolheram viver e trabalhar fora de Portugal. São retratos de jovens mulheres e homens que contam histórias de indivíduos e famílias, de opções pessoaise fluxos coletivos, de afetos e amizades, de sucessos e fracassos, de fim de sonhos e recomeço de projetos. Em todos eles existe um traço comum: resistir à perda de valor criado pelo investimento do país, dos pais e dos próprios na educação. Alguns dos entrevistados marcarão presença numa mesa redonda com associações de graduados portugueses no espaço europeu.Mas esta conferência também servirá para construir pontes analíticas entre modos de ver a fuga de cérebros em diferentes latitudes e numa perspetiva comparada. Qual é visão dos países de acolhimento? Qual é a visão dos países emissores? Qual a interpretação da fuga de cérebros vista da América Latina e de África? Dois conferencistas convidados abrirão pistas para este debate.Finalmente, a conferência estabelece o diálogo com outras investigações que ainda se desenvolvem ou foram recentemente concluídas, quer analisando os movimentos emigratórios portugueses mais gerais, quer interpretando os fluxosespecíficos de certas profissões com um impacto social muito evidente (académicos, cientistas, enfermeiros, etc.). Várias comunicações completarão o quadro geral em que decorre a emigração qualificada.Esta é uma conferência que trata de opções pessoais que se integram numa história longa que muitos portugueses de diferentes gerações e qualificações fazem desde há séculos. As dificuldades de hoje são menores, estes percursos são genericamente bem-sucedidos e revelam pessoas que encontraram maneira de avançar e que tomaram conta do seu destino. Mas são em reverso a expressão de que um mal profundo ataca a Europa, fazendo com que os mais qualificados dos países periféricos sejam atraídos pelos países centrais, onde estão os recursos, deixando os países menos desenvolvidos entregues a uma economia carente de conhecimento e inovação. Ressoa no murmúrio das vozes dos que ouvimos e inquirimos uma experiência que pede para ser partilhada e compreendida na sua plenitude.*O projeto BRADRAMO, Brain Drain and Academic Mobility from Portugal to Europe (PTDC/IVC-PEC/5049/2012) é financiado por fundos nacionais através da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT/MEC) e cofinanciado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), através do COMPETE-Programa Operacional Fatores de Competitividade (POFC).A equipa de investigação é constituída por investigadores de seis centros das universidades do Porto, Coimbra e Lisboa.
INSCRIÇÕES
1 de abril a 15 de julho
( www.bradramo.pt )
LÍNGUAS: Português Espanhol Inglês
PREÇONormal - 15 € Estudantes - 5 €
Ver aqui o cartaz da conferência.