O Novo Banco já tem solução para os oito mil clientes emigrantes que investiram em produtos de aforro do BES, disse hoje o presidente-executivo Eduardo Stock da Cunha.
"A solução está encontrada e só falta desmontar os veículos para termos acesso aos activos subjacentes", afirmou Stock da Cunha. Em causa estão clientes não residentes em Portugal que investiram em veículos denominados Poupança Plus, Euroaforro e Top Renda.
O presidente do Novo Banco referia-se poupanças aplicadas em veículos criados pelo Credit Suisse e maioritariamente detidos por emigrantes portugueses de primeira geração residentes em França e na Suíça. Em termos geográficos, estes são clientes oriundos das tradicionais zonas de emigração, nomeadamente Trás-os-Montes, Beira e Alto Minho, sendo que, em média, estes clientes tinham no BES 100 mil euros, dos quais 80% investidos nestes produtos.
Stock da Cunha frisou que o processo encontra-se numa fase avançada, mas não revelou em que consiste. Nomeadamente, se poderá passar pela conversão em depósitos a prazo, como foi feito com os clientes que tinham investido em obrigações do BES com promessa de recompra. Qualquer que seja a solução, Stock da Cunha relembrou que o Banco de Portugal "tem de aprovar tacitamente" a operação, sendo que "não pode afectar a liquidez, o capital e a rentabilidade" do Novo Banco.
Relativamente aos 3.000 clientes lesados pelo papel comercial das empresas não financeiras do Grupo Espírito Santo, o presidente do Novo Banco fez questão de sublinhar que não é uma dívida da instituição financeira mas sim de entidades externas, sendo que só o Banco de Portugal pode resolver a questão.
Apesar disso, Stock da Cunha reiterou que não vai desistir e que vai "tentar resolver este tipo de situação", sendo que o Banco de Portugal "foi muito claro ao dizer que não cabe ao Novo Banco pagar". "Não sei se conseguimos arranjar uma solução, mas não atiro a toalha ao chão", frisou, acrescentando que acredita ser "possível arranjar alguma solução para um problema" que não criou, que não é da sua responsabilidade, "mas que é complicado e impacta-nos".
O Novo Banco registou prejuízos de 467,9 milhões de euros entre 4 de Agosto (dia seguinte à sua criação) até 31 de Dezembro, anunciou esta segunda-feira em comunicado divulgado ao mercado. Os resultados foram condicionados pelas provisões de 699,1 milhões de euros, dos quais cerca de metade estão relacionados com o crédito a clientes, nomeadamente o que tem acções nacionais como colateral. Só nas participações na Portugal e na Oi - o Novo Banco votou a favor da venda da PT Portugal - a instituição enfrenta uma imparidade de 108 milhões de euros.
"É possível termos resultado positivo em 2016, mas 2015 é outra história. Mas não pensamos que 2015 terá um resultado corrente negativo no sentido em que tivemos em 2014", disse Stock da Cunha.
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