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Portuguesas na África do Sul apoiam emigrantes mais idosos
2015-01-19

Membros da comunidade portuguesa na África do Sul juntaram-se para ajudar idosos que emigraram para aquele país há décadas e que hoje se debatem com a solidão e falta de apoios sociais, disse à Lusa a embaixatriz em Pretória.

Joana Pizarro Miranda, embaixatriz na África do Sul há cerca de três anos, incentivou a criação de uma organização não-governamental (ONG) local - Mais Vida - para prestar apoio aos emigrantes de primeira geração, que "são um grupo particularmente vulnerável e muito isolado".

De acordo com a embaixatriz, há casos de idosos - que não consegue contabilizar - que sofrem de um "enorme isolamento social, tanto em relação a Portugal, que deixaram há quatro ou cinco décadas, e também em relação à África do Sul, particularmente por causa da barreira da língua, já que esta geração não fala inglês nem afrikaans".

Por outro lado, muitas vezes os próprios descendentes já só falam inglês ou emigraram, deixando estas pessoas ainda mais isoladas, descreveu Joana Miranda, que acrescentou que a precariedade é outro problema.

"São pessoas que não usufruem de benefícios sociais, porque nunca fizeram descontos, não têm reformas nem em Portugal nem aqui. A precariedade financeira é muito grande e têm pouca ou nenhuma assistência médica", afirmou.

Além disso, a maioria da comunidade portuguesa, que se estima ser composta por cerca de 300 mil pessoas, concentra-se entre Joanesburgo e Pretória e os mais idosos vivem em zonas que hoje são consideradas inseguras.

"Quando compraram as suas casas, há várias décadas, essas zonas eram onde se concentrava a maioria dos portugueses e que, com o tempo, foram-se tornando mais perigosas. As gerações mais jovens foram viver para outras zonas. Os idosos são vítimas de assaltos e tendem a isolar-se cada vez mais", referiu.

Quando os idosos estão nas suas casas - a maioria dos casos acompanhados pela Mais Vida -, os voluntários realizam visitas e levam-nos, uma vez por semana, a um dos três lares construídos pela comunidade portuguesa, e, durante esse dia, "são oferecidos serviços e actividades várias".

Por outro lado, os voluntários procuram que os idosos se sintam úteis e um dos projectos passa por trabalhos manuais, como fazer mantas ou camisolas, que entregam depois a associações de apoio a crianças refugiadas.

O projeto apoiado pela embaixatriz pretende também envolver os lusodescendentes mais novos, em particular os que trabalham na área da saúde, a colaborar na prestação de cuidados aos idosos. Na formação dos voluntários, a ONG contou com o apoio da instituição particular de solidariedade social portuguesa (IPSS) Associação Coração Amarelo, cuja missão é apoiar a terceira idade.

Na África do Sul, a Associação Coração Amarelo realizou um ‘workshop' com 120 candidatos a voluntários e, dois meses depois, "cerca de 50 ou 60 já entraram como voluntários efetivos" da ONG Mais Vida, relatou à Lusa o presidente da IPSS portuguesa, Manuel Empis de Lucena.

Uma segunda acção da associação foi a criação de uma plataforma em rede, juntando "sob a égide da embaixada, 15 instituições humanitárias de portugueses, que trabalham no seio da comunidade, em vários níveis - jovens, deficientes, idosos - e que não se conheciam entre elas".

A Associação Coração Amarelo está a lançar projectos em outros países lusófonos, relatou Manuel Lucena.

Em Moçambique, a IPSS contactou um lar de portugueses em Maputo que vive exclusivamente de donativos, e em pouco tempo conseguiu angariar ofertas, como a doação de 400 quilos de carne, de 250 quilos de roupa de cama ou de peças necessárias para reparar uma máquina de lavar roupa.

Em São Tomé e Príncipe, a IPSS realizou um estudo sobre a situação dos idosos e prepara-se para dar formação a futuros voluntários para virem a apoiar essa população.

 

Ver Luxemburger Wort, aqui.

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