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“Quem se sente construtor não tem necessidade de destruir”
2015-01-16
Nova responsável pela Obra Católica Portuguesa das Migrações diz que os atentados em Paris revelaram as fragilidades das políticas sociais da Europa e que a aposta na educação deve ser a prioridade. A adesão daqueles jovens ao radicalismo islâmico “preencheu um vazio nas suas vidas”.

"Migrações e Família" é o tema do encontro que se realiza a propósito do Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, assinalado este domingo, e que acontece numa altura em que os atentados em Paris voltaram as atenções da Europa para o fenómeno da imigração.

Eugénia Quarema, a primeira mulher e leiga, à frente da Obra Católica Portuguesa das Migrações, lembra que os ataques foram concretizados por jovens que já nasceram em França, mas não se identificam com o país. "Falta-lhes um sentimento de pertença", diz a responsável, lembrando que uma das primeiras lições que tirou quando começou a trabalhar em bairros complicados em Portugal foi que "quem se sente ligado a um país, quem se sente construtor, não tem necessidade de destruir".

Na sua opinião, a adesão daqueles jovens ao radicalismo islâmico "preencheu um vazio nas suas vidas".

A aposta tem de ser feita na educação. "É preciso combater esse vazio, dar-lhes um sentido, oportunidades de escolaridade, de trabalho, esta possibilidade de se integrarem na sociedade". E nisso, lembra, a Igreja católica tem sido pioneira: "várias instituições trabalham no campo da educação, estão há muito tempo em bairros periféricos das grandes cidades".

Em Portugal a própria Obra Católica Portuguesa das Migrações desenvolve neste momento o projecto "Vidas Ubuntu", em parceria com o Instituto Padre António Vieira. "Vamos às escolas, entramos em contacto com jovens que vivem em contextos vulneráveis". Alguns são de descendência migrante, outros são migrantes, mas há também jovens portugueses. O objectivo é "valorizar o que muitos deles já fazem" nas suas comunidades e "ajudá-los a desenvolver os seus próprios projectos sociais na área do empreendedorismo". Também pretendem trabalhar com jovens de centros educativos e têm já agendado um momento de formação para os que se encontram refugiados em Portugal.

Novos desafios para as missões católicas
Eugénia Quaresma diz que o encontro de formação que arranca esta sexta-feira, em Palmela, pretende promover um olhar positivo sobre os migrantes, gente que parte ou que chega à procura de melhores condições de vida e de trabalho, mas que nem sempre é bem acolhida.

"Não só cá dentro, mas quem vai para fora também. Há portugueses que emigraram e que nos falam deste olhar preconceituoso, da falta de acolhimento, do racismo que ainda existe". Para além das histórias que chegam de exploração laboral.

A nova responsável, pela Obra Católica Portuguesa das Migrações e pelo Secretariado Nacional da Mobilidade Humana, lembra que os portugueses continuam a emigrar. Saem cada vez mais jovens, muitos já para estudar, saem famílias inteiras e antigos emigrantes que já tinham voltado ao país e que se vêm obrigados a partir de novo. Muitos procuram as missões: "há muitas famílias a inscrever crianças na catequese. Há missões que tinham uma comunidade pequenina e, de repente, no espaço de um mês, veem-nas crescer bastante".

Para analisar todos os desafios que a nova vaga de emigração trouxe às missões católicas o encontro de agentes sócio-pastorais das migrações conta com a colaboração do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil e da Cáritas.

O encontro começa logo esta noite com o documentário da Renascença "A grande debandada", sobre a emigração portuguesa, e terá duas sessões com entrada livre: a desta sexta-feira, a cargo do sociólogo António Barreto, e a de dia 18, com o arcebispo do Luxemburgo, um dos países com mais emigrantes portugueses.

A entrevista a Eugénia Quaresma vai ser transmitida no programa "Princípio e Fim", domingo, a partir das 23h30.

 

Ver Renascença, aqui.

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