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Portugueses enviam 6,8 ME por dia, menos um terço que há oito anos
2009-04-01
Lisboa, 1 Abr (Lusa) - Os portugueses radicados no estrangeiro enviaram 6,8 milhões de euros por dia para Portugal em 2008, menos um terço que o valor das remessas de há oito anos, segundo dados do Banco de Portugal calculados pela Lusa.

Nos últimos oito anos, as remessas de emigrantes residentes no estrangeiro para Portugal caíram de 3,7 mil milhões de euros em 2001 para 2,5 mil milhões em 2008, ao que se traduziu numa queda de 33 por cento.

"A entrada de remessas dos trabalhadores portugueses radicados no estrangeiro têm vindo a diminuir nos últimos anos, o que se deve à nova geografia da população, reflectindo-se na balança de pagamentos", disse à agência Lusa o economista João Ramos da Silva.

O professor do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), Ramos da Silva, destaca que alguns países exteriores à União Europeia, como Angola, Brasil, Singapura e a Venezuela, têm vindo a adquirir uma "importância crescida" no novo mapa da emigração portuguesa.

Como exemplo, cita o Brasil que teve um ligeiro decréscimo em 2006 e 2007, mas no ano passado registou um novo aumento (25 por cento): "O Brasil representa actualmente [em remessas] quase metade do valor da Venezuela", sublinha o mesmo especialista.

Estes dados vêm confirmar o alerta do Presidente da República que, há cerca de dois meses, defendeu a dinamização das exportações, enfatizando o papel que os emigrantes podem desempenhar na resolução das dificuldades que Portugal atravessa.

"A exportação de bens e serviços por parte de Portugal é praticamente a única via que nós dispomos para conseguir combater o crescimento explosivo da dívida externa e, ao mesmo tempo, defender o emprego dos trabalhadores portugueses", defendeu Cavaco Silva.

O Chefe de Estado afirmou também que seria importante ter presente que "quanto menores forem as remessas de emigrantes para Portugal, e quanto menor for o seu investimento no país, menos crédito terão os bancos para conceder às empresas".

Em 2008, a Alemanha, França e o Reino Unido, as remessas de emigrantes caíram 13,4 por cento, para 147,6 milhões de euros e 4,2 por cento para 983 milhões de euros e 23,6 por cento para 125 milhões de euros, respectivamente. Dos grandes países da Europa, a Espanha foi a excepção, onde o valor das remessas dos emigrantes apresentou uma tendência crescente nos últimos três anos (19,9 por cento em 2006, para 61,8 milhões de euros, de 56,4 por cento em 2007, para 96,7 milhões de euros e 30,6 por cento em 2008, para 126,2 milhões de euros).

A França lidera o "top" dos países da União Europeia em que os emigrantes portugueses enviam mais remessas com 39,6 por cento do total, seguida pela Alemanha com 5,9 por cento, pela Espanha com um peso de 5,1 por cento e do Reino Unido com 3,6 por cento.

Ainda na Europa destaque para a Suíça que representa 22,3 por cento do total das remessas.

Fora do espaço europeu, os Estados Unidos lideram graças 171 milhões de euros enviados para Portugal que lhe conferem um peso de 6,9 por cento do montante global.

Na América Latina sobressai a Venezuela com 19,3 milhões de euros (0,8 por cento do total), para além do já mencionado Brasil.

Economistas contactados pela Lusa disseram também que os dois países ibéricos têm "uma forte integração económica" e com o aprofundar da crise no mercado espanhol "é natural" que o valor das remessas venha a reduzir-se, nomeadamente influenciado por sectores como o da construção civil e obras públicas.

Os países da União Europeia representavam 62 por cento em 2008 do total das remessas dos emigrantes para Portugal, no montante de 1,5 mil milhões de euros.

"No curto prazo, as remessas de emigrantes e a deslocação de portugueses para outros mercados que não os tradicionais vai continuar a aumentar, registando-se uma perda nos mercados tradicionais, tendência que contraria o grande `boom` da imigração nos anos 60", realçou Ramos Silva.

Já Suíça, embora apresente uma variação positiva de 1,7 por cento em 2008, "não se pode dizer que seja "um país recente", disse.

Mais de cinco milhões de portugueses ou luso-descendentes vivem no estrangeiro. A maioria tem dupla nacionalidade e 1,3 milhões possuem passaporte português.

JS

 

Agência Lusa, aqui, acedido em 02 de abril de 2009

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