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Défice externo português ultrapassou 10 por cento do PIB em 2008
2009-02-20
Crédito concedido às famílias e empresas desacelerou no ano passado

Por Sérgio Aníbal 

O défice externo português voltou, durante o ano passado, a ultrapassar a barreira dos 10 por cento do produto interno bruto (PIB), algo que já não acontecia, de acordo com os dados fornecidos pelo Banco de Portugal, desde 1982, quando o país se viu forçado a aceitar a intervenção do Fundo Monetário Internacional (FMI).

O Boletim Estatístico publicado ontem pela autoridade monetária nacional coloca a balança corrente e de capital durante o ano de 2008 num valor negativo de 17.539 milhões de euros. Este número corresponde a 10,5 por cento do PIB nominal. Em percentagem, o valor poderá ser ainda mais negativo, já que o PIB nominal utilizado é o estimado pelo Governo no seu último Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC), numa altura em que o forte recuo da economia no último trimestre de 2008 ainda não era conhecido.

Uma série do défice externo português dos últimos 50 anos solicitada pelo PÚBLICO ao Banco de Portugal mostra que um valor mais elevado no desequilíbrio externo da economia portuguesa apenas se verificou em 1981 e 1982, ano em que o défice da balança de transacções correntes (o conceito então utilizado) foi de 10,8 e 12,9 por cento do PIB, respectivamente.

O ano de 2008 marca uma degradação acentuada deste indicador, que em 2007 tinha diminuído ligeiramente, situando-se nos 8,2 por cento do PIB.

O principal motivo para esta evolução esteve no agravamento do défice comercial, ou seja, da diferença entre a importação de bens e serviços e as exportações, que passou de um valor de 10.771 milhões de euros (6,6 por cento do PIB) em 2007 para 14.202 milhões (8,5 por cento do PIB) em 2008.

O recuo acentuado das exportações na fase final do ano passado - numa altura em que as economias dos principais clientes portugueses entraram em recessão - ajudou a desequilibrar estas contas, já que o abrandamento das importações não foi tão brusco.

Outro factor a contribuir para a subida do défice externo foi o saldo mais negativo registado na balança de rendimentos. Este indicador tem vindo a atingir novos recordes mínimos nos últimos anos devido ao aumento muito rápido dos juros que os bancos portugueses têm de pagar às entidades estrangeiras às quais pediram dinheiro. No ano passado, o défice da balança de rendimentos chegou aos cinco por cento do PIB, contra 4,5 por cento em 2007.

Portugal continua a registar excedentes nas balanças de capital e de transferências correntes, que incluem as remessas de emigrantes e os apoios financeiros da UE, mas que ficam longe de compensar o desequilíbrio registado nas outras áreas.

Público, aqui.

 

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